Netanyahu e Gantz entendem-se e pode haver governo de unidade em Israel

Apesar da oposição de parte do seu partido Azul e Branco, Gantz foi eleito presidente do Parlamento para facilitar acordo. Os dois rivais devem rodar a chefia do executivo, com “Bibi” a ocupá-lo em primeiro lugar. Acordo ainda não foi anunciado.

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Benjamin Netanyahu e Benny Gantz Reuters

O principal rival político de Benjamin Netanyahu, Benny Gantz, foi eleito nesta quinta-feira presidente do Parlamento de Israel, numa manobra surpresa que pode levar à formação de um governo de unidade, deixando o veterano político no poder, apesar dos processos judiciais.

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O principal rival político de Benjamin Netanyahu, Benny Gantz, foi eleito nesta quinta-feira presidente do Parlamento de Israel, numa manobra surpresa que pode levar à formação de um governo de unidade, deixando o veterano político no poder, apesar dos processos judiciais.

Com o apoio de apenas uma parte do seu partido Azul e Branco, e com o apoio do Likud de Netanyahu, Gantz deixou muitos dos seus aliados políticos a fumegar por ter aberto caminho a uma parceria com um primeiro-ministro acusado de crimes de corrupção.

A reviravolta surpresa aconteceu ao fim de 48 horas de drama político e deixou o Azul e Branco em polvorosa. A jogada de Gantz deixou em aberto a possibilidade de haver uma “rotação”, mas permitindo a Netanyahu ocupar o lugar de primeiro-ministro em primeiro lugar. Os dois rivais políticos insistiam que deviam ser eles os primeiros, depois de três eleições legislativas inconclusivas em menos de um ano.

Netanyahu tinha proposto um governo de “emergência nacional” com Gantz para lidar com a emergência do coronavírus. E o Presidente de Israel, Reuven “Ruvi” Rivlin, que é muito respeitado pelos israelitas, pressionara para que juntassem forças, perante a possibilidade de Israel entrar em confinamento para tentar travar o avanço do número de infecções.

“Israel está perante um número crescente de infecções e o número de vítimas sobe de dia para dia”, disse Gantz ao aceitar o cargo de presidente do Knesset (Parlamento). Disse que pretende avançar para o Governo de unidade nacional e explicou que optou pelo cargo de presidente do Parlamento para facilitar o acordo com o Likud e Netanyahu.

Gantz tinha-se recusado a governar com Netanyahu, argumentando que este enfrenta um julgamento por fraude e abuso de confiança no exercício do cargo, o que o actual primeiro-ministro nega. O julgamento foi adiado devido à crise do coronavírus.

Mas o Likud dissera que não aceitaria os esforços de unidade se o Azul e Branco mantivesse o seu candidato inicial para presidente do Parlamento, um opositor que é contra os esforços de unidade, fosse escolhido para o Knesset.

Perante mais um impasse político, a perspectiva de Benny Gantz conseguir formar governo pareciam reduzidas. 

Pelo menos um membro do bloco de direita que apoia Netanyahu, o ministro da Defesa Naftali Bennett, deu os parabéns aos dois políticos, mas ainda não há qualquer anúncio formal de que o acordo foi fechado.