Banco de Portugal prevê queda do PIB de 3,7% este ano
Mesmo num cenário de impacto “relativamente limitado”, o banco central estima uma forte recessão este ano e o desemprego a subir para valores acima de 10%. Os efeitos negativos, avisa, podem ser prolongados no tempo.
Na suas primeiras projecções para a economia desde do choque trazido pelo novo coronavírus, o Banco de Portugal abandona por completo as suas anteriores previsões de crescimento, alerta para a existência de “efeitos muito significativos e potencialmente prolongados no tempo” e aponta para uma recessão profunda este ano, com reduções do PIB que, no cenário-base, são de 3,7%, mas que podem, num cenário mais adverso, chegar aos 5,7%.
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Na suas primeiras projecções para a economia desde do choque trazido pelo novo coronavírus, o Banco de Portugal abandona por completo as suas anteriores previsões de crescimento, alerta para a existência de “efeitos muito significativos e potencialmente prolongados no tempo” e aponta para uma recessão profunda este ano, com reduções do PIB que, no cenário-base, são de 3,7%, mas que podem, num cenário mais adverso, chegar aos 5,7%.
Perante o que diz ser um cenário de “incerteza exacerbada” e de “complexidade”, o Banco de Portugal, ao contrário do que costuma acontecer, optou por não apresentar uma previsão única, divulgando antes projecções para dois cenários – um cenário-base e outro adverso.
No cenário base, o banco central assume que Portugal sofre aquilo que diz ser um impacto económico da pandemia “relativamente limitado”, em que “as medidas adoptadas pelas autoridades económicas são bem sucedidas na contenção dos danos sobre a economia”.
Ainda assim, mesmo neste caso, a projecção do Banco de Portugal é a de que a economia se contraia 3,7% este ano. A recuperação surge de forma moderada em 2021, com um crescimento de 0,7%, registando-se uma aceleração em 2022, com um PIB a aumentar 3,1%
Desemprego de 10,1% este ano
A taxa de desemprego regista uma subida acentuada no imediato e, nos anos seguintes, apesar de se esperar uma recuperação do mercado de trabalho, não se consegue voltar até 2022 ao cenário registado antes do início desta crise. O Banco de Portugal prevê que, dos 6,5% de 2019, Portugal passe a ter uma taxa de desemprego de 10,1% em 2020, descendo depois progressivamente para 9,5% em 2021 e 8% em 2022.
No segundo cenário, o “adverso”, o banco assume que “o impacto económico da pandemia é mais significativo devido à paralisação mais prolongada da actividade económica em vários países, conduzindo a maior destruição de capital e perda de emprego” e aponta para a existência de “níveis de turbulência mais significativos nos mercados financeiros”.
Isto conduziria, projecta o banco, a uma queda do PIB português este ano de níveis nunca vistos nas últimas décadas. A economia registaria uma contracção de 5,7% em 2020, iniciando depois uma recuperação, com um crescimento de 1,4% em 2021 e 3,4% em 2022. Neste caso, a taxa de desemprego dispararia para 11,7% este ano, começando depois a diminuir progressivamente, mas ficando em 2022 em 8,3%, ou seja, acima dos 6,5% do ano passado.
Nos dois cenários, o Banco de Portugal prevê que “o choque deverá atingir o seu pico no segundo trimestre deste ano, prevendo-se uma normalização gradual a partir do segundo semestre”.
O impacto da crise sanitária sente-se em todos os indicadores, com quedas no consumo privado, exportações, importações e investimento, e um aumento do consumo público, reflectindo a expectativa de uma intervenção do Estado para mitigar os efeitos económicos negativos.
O banco prevê que em 2020 as exportações, onde se incluem também as receitas no turismo, caiam, no cenário base, 12,1% e, no cenário adverso, 19,1%, com descidas de níveis semelhantes nas importações. As quedas projectadas para o investimento são de 10,8% e 14,9%, respectivamente. E no consumo privado de 2,8% e 4,8%. Para o consumo público, aquilo que é antecipado são variações positivas de 2,1% e 3%, consoante o cenário considerado.
Notícia alterada às 14h38 com correcção do crescimento para 2020