O Porto em perspectiva: o antes e depois do estado de emergência
O estado de emergência tirou o país das ruas e deixou as cidades abandonadas. No Porto, os locais turísticos estão vazios, as ruas estão desertas, os pontos de encontro já não o são. As imagens mostram o antes e depois de (mais) uma cidade que luta contra o novo coronavírus.
Já o vimos deserto, do ar, ou vazio, à noite. De lojas fechadas e esplanadas encerradas. Agora vemo-lo em perspectiva: o Porto antes do surto de coronavírus e o Porto depois de ser decretado o estado de emergência, que desde quinta-feira, 19 de Março, fechou o país dentro de casa.
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Já o vimos deserto, do ar, ou vazio, à noite. De lojas fechadas e esplanadas encerradas. Agora vemo-lo em perspectiva: o Porto antes do surto de coronavírus e o Porto depois de ser decretado o estado de emergência, que desde quinta-feira, 19 de Março, fechou o país dentro de casa.
O fotojornalista do PÚBLICO Paulo Pimenta foi ao arquivo e procurou fotografias que retratavam o movimento numa cidade onde os dias são, agora, atípicos. Voltou a esses mesmos locais — para os encontrar, previsivelmente, abandonados. Em Lisboa, Nuno Ferreira Santos fez o mesmo.
Desde a Estação de São Bento, ponto de paragem obrigatória para turistas e de passagem para quem entra e sai diariamente da cidade, à Ribeira, conhecida pelas esplanadas cheias, os espectáculos de rua e os muros soalheiros, o Porto está agora entregue a si mesmo.
A cidade começou a esvaziar-se aos poucos: cessaram as aulas presenciais da Universidade do Porto, foi decretado o encerramento de “discotecas e similares"; Rui Moreira mandou retirar todas as esplanadas e eventos como o Portugal Fashion, Dias da Dança ou FITEI foram cancelados. Aos poucos, deixou de ser apenas a noite a ficar despida de gente.
E se a 15 de Março o dia de sol convidou algumas pessoas a furar o isolamento, o cenário que por estes dias predomina no Porto é de vazio. Assim dita o estado de emergência que vigora (pelo menos) até 2 de Abril.
Não há ninguém a percorrê-lo, a andar nas suas calçadas, a admirar os seus azulejos. Na Praça de Gomes Teixeira, mais conhecida pela Praça dos Leões, deixaram de se ouvir os skates ou a azáfama dos turistas e residentes. Na Casa da Música, também não se ouvem rodas a deslizar pelo chão.
Para chegar da Rua dos Clérigos à Avenida dos Aliados, já não é preciso desviar das câmaras fotográficas que se vão levantando, ou daqueles que vão parando para ver as montras. A Livraria Lello, agora encerrada, tem a porta de entrada desimpedida, como raramente acontece. A fila para visitar a Torre dos Clérigos desapareceu. Ficaram os toldos recolhidos, as portas dos cafés e lojas encerradas, as grades corridas.
São retratos de uma cidade em suspenso, que já não sai à noite para um copo no Aduela e já não se encontra no Piolho. Os estudantes que habitualmente lá se encontram estão recolhidos no seu próprio isolamento e a festa agora é feita dentro de casa, com a ajuda de apps. E com uma vontade crescente de fazer uma festa a sério.