Mudar móveis e organizar armários em tempo de coronavírus
Em tempo de confinamento, por que não aproveitar para organizar armários e gavetas? Reunimos os conselhos de quem percebe do assunto.
Agora que passamos mais tempo em casa, por que não aproveitar para organizar armários e gavetas em família? Afinal, viver em espaços organizados facilita a convivência e a relação entre todos, dizem as especialistas ouvidas pelo PÚBLICO.
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Agora que passamos mais tempo em casa, por que não aproveitar para organizar armários e gavetas em família? Afinal, viver em espaços organizados facilita a convivência e a relação entre todos, dizem as especialistas ouvidas pelo PÚBLICO.
“Porque estes são momentos de recolhimento por excelência, podemos destralhar, fazer uma boa limpeza de Primavera e organizar a casa”, começa por dizer a arquitecta Paula Margarido que acredita que “viver e trabalhar em espaços bem organizados torna tudo mais fácil”, ainda mais quando “a tralha e a sujidade criam ansiedade”.
Por isso, “é tão importante encontrar os métodos e as dicas que funcionam melhor para organizar o espaço à nossa volta e dentro de cada um” para evitar o caos no lar e, por consequência, a desordem pessoal também. “Acredito que ter uma vida organizada é sinónimo de tempo de qualidade”, corrobora, por sua vez, a personal organizer Rute Amoreth, sublinhando que “organizar a casa ocupa a mente e traz uma maior tranquilidade, o que agora, mais do que nunca, é urgente na casa de cada um”.
Mudar o sofá ou a cama
“A posição dos móveis interfere no conforto, espaço e funcionalidade de um ambiente”, declara a designer de interiores Cátia de Sá Alves. Com uma boa dose de criatividade e bom senso, “a mudança pode fazer milagres no nosso bem-estar” e disposição, acredita a designer do atelier Best of Living, em Braga.
Numa altura em que não é aconselhável sair de casa para comprar mobiliário, faça essa mudança com o que tem. Comece por tirar do sítio todas as peças pequenas de decoração, deixando os sofás e móveis grandes. O passo seguinte, aconselha Sá Alves, é procurar as ligações para a televisão nas paredes, de modo a ver as várias possibilidades de disposição dos móveis. “Deve ainda tirar os elementos que quebrem a entrada de luz, que é muito importante, assim como trocar de lugar os móveis que estorvem a passagem de pessoas”, propõe.
Só depois mude o sofá de sítio, decorando-o com almofadas e colocando pequenas mesas, caixas ou aquele baú que tinha guardado, à frente ou de lado. Cátia de Sá Alves aconselha ainda a procurar em casa uma poltrona ou mesinha “que possam ganhar protagonismo na sala, num canto de leitura por exemplo”. A designer de interiores sugere ainda mudar de sítio ou dispor de outra forma as peças decorativas. “Aproveite para fazer aquele painel de parede com fotografias das viagens e dos momentos marcantes da vida familiar”, propõe.
Da sala para o quarto, a designer aconselha a mudar o ambiente reciclando ao pintar ou revestir de tecido um móvel antigo de madeira, por exemplo, ou aplicando papel de parede. Acrescente depois uma poltrona ou uma banqueta que já tenha em casa ou crie um canto de leitura — o objectivo é criar espaços que possam ser mais isolados e onde um membro da família possa estar mais recolhido.
Armários e gavetas
“É o momento mais divertido e criativo: organizar a casa para conseguirmos o ambiente com que sempre sonhámos, a nossa casa ideal, e começar a sentir os efeitos que essa mudança tem na nossa vida”, sugere Paula Margarido, autora dos livros Uma casa organizada e Destralhe a sua casa.
A especialista sugere, por isso, dispor os objectos em três caixas de triagem: objectos que quer, os que quer deitar fora e os para dar. Por seu lado, Cátia de Sá Alves aconselha “a doar roupas que já não servem e objectos sem utilidade, para conseguir ver o espaço mais vazio e mudar os móveis de sítio”.
A quem custa ver-se livre das suas coisas, a personal organizer Rute Amoreth explica que a organização do armário da roupa “pode ajudar a praticar o desapego, trazer uma sensação de felicidade e é terapêutica”, sublinhando que aplica o método de organização Mary Kondo, feng shui e psicologia da cor — “as cores que temos dentro dos nossos armários e gavetas geram emoções”, acredita.
Paula Margarido propõe organizar a roupa por categorias, dobrando e enrolando as peças em tamanhos e formas similares, de modo a poder identificar e guardar tudo, mesmo em espaços pequenos. Mas, primeiro, é preciso esvaziar o armário. “Para manter o equilíbrio do seu guarda-roupa, adopte a regra ‘entra o novo, sai o velho’, ou seja, por cada nova peça de roupa que comprar, dê uma mais antiga que já não usa”, sugere a arquitecta que deixa alguns passos para organizar o quarto de dormir: não guardar coisas debaixo da cama, organizar os objectos por categorias, por exemplo, livros na estante, revistas no cesto e jóias num guarda-jóias. O objectivo é evitar o caos e “reduzir a divisão ao essencial para introduzir harmonia e tranquilidade na sua vida”.
Triagem na cozinha
No caso da cozinha, Rute Amoreth aconselha a retirar tudo dos armários e gavetas, a separar por categorias (copos, pratos, recipientes, taças, tabuleiros), a fazer a triagem dos objectos que utiliza e dos que não usa. Paula Margarido, por seu lado, sugere que crie várias áreas na cozinha, desde a zona da confecção com panelas, tachos, frigideiras, colheres de pau, e os ingredientes principais como azeite, vinagre, sal, especiarias que “devem estar perto do fogão”.
Depois crie a área da preparação com os elementos agrupados que usa para cozinhar, desde facas, tábuas de corte, tigelas e batedeiras e todos os electrodomésticos de cozinha, prossegue Paula Margarido. A área das limpezas para guardar os produtos de limpeza, perto ou por baixo do lava-loiças, e “a área da arrumação com pratos, copos, talheres, canecas, taças e travessas”. Por fim, pode utilizar frascos de vidro ou caixas de plástico, com etiquetas, para armazenar massas, arroz e cereais. “Organize os alimentos por categorias, agrupando-os por famílias, por exemplo, as massas, o arroz, cereais e farinhas juntos, e chocolates e doces, frutos secos noutro espaço. Coloque mais à mão os ingredientes que mais utiliza.”
Para Paula Margarido, “se há lugar onde se sente a alma da casa, é a cozinha”. Por isso, prossegue Rute Amoreth, tenha este espaço sempre limpo e arejado.
Coronavírus à porta de casa
Por fim, não esquecer o hall da casa, sobretudo agora que é aconselhável deixar o calçado na entrada por causa do coronavírus. Paula Margarido sugere ter uma sapateira e “um bengaleiro para colocar a roupa que usou na rua”.
Um cesto para a correspondência, outro para as chaves, um sítio para colocar a trela do cão ou dispor pequenos cabides na entrada, onde cada elemento da família coloca o seu casaco ao chegar, são mais algumas sugestões da arquitecta.