Benny Gantz rejeita proposta de governo de unidade em Israel

Líder do Azul e Branco, mandatado para formar governo, diz que primeiro quer que “a democracia israelita volte a funcionar em pleno”. Só admite executivo de unidade se for ele a mandar.

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Benny Gantz foi mandatado para formar governo CORINNA KERN/Reuters

Benny Gantz recusou encontrar-se esta terça-feira com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para discutir a possibilidade de formar um governo de unidade nacional, como lhe tinha proposto pelo Facebook o líder do Likud.

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Benny Gantz recusou encontrar-se esta terça-feira com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, para discutir a possibilidade de formar um governo de unidade nacional, como lhe tinha proposto pelo Facebook o líder do Likud.

“Primeiro farei com que a democracia de Israel volte a funcionar em pleno, sem medo. Depois terei em consideração todas as maneiras de formar um governo para lutar contra o coronavírus e lidar com outros desafios que nos esperam”, escreveu na sua página de Facebook o líder do Azul e Branco, que o Presidente de Israel, Reuven Rivlin, mandatou para formar governo.

Netanyahu tinha deixado a mensagem a Gantz de que “este momento é um teste de liderança e de responsabilidade nacional”, por isso “os cidadãos de Israel precisam de um governo de unidade que trabalhe para salvar vidas e meios de subsistência”.

O primeiro-ministro acrescentou que as diferenças entre os dois eram poucas e podiam ser ultrapassadas, mas Gantz tem uma opinião diferente, salientando que entre os dois existem divergências intransponíveis.

No entanto, de acordo com o Jerusalem Post, Gantz, em conversa com militantes do Azul e Branco, à saída de sua casa, admitiu a possibilidade de aceitar a proposta, mas só se for ele o primeiro-ministro na primeira rotação.

“Neste momento, o mandato é meu”, disse. “Há uma expectativa de que seja eu a responder a Netanyahu, como se fosse essa a única alternativa. Eu dirigi guerras. Eu sou capaz de ser líder em crises nacionais tanto quanto ele”, acrescentou o general na reforma.

Depois das críticas de Netanyahu e do Likud ao Supremo Tribunal de Justiça, inclusivamente com Yuli Edelstein, o líder do Parlamento (Knesset) a recusar-se a retomar os trabalhos parlamentares e, posteriormente, a desafiar a mais alta instância judicial do país que o instava a agendar a eleição de um novo presidente da câmara de deputados, dizendo que a mesma não tinha autoridade para definir a agenda do Knesset, a terça-feira decorreu de forma mais tranquila.

Edelstein aceitou as propostas do Azul e Branco para a criação de quatro comissões, incluindo uma comissão especial para lidar com o coronavírus. E até as votou favoravelmente, enquanto todos os outros deputados do Likud e dos partidos que o apoiam boicotavam a votação, por o partido de Gantz não ter coordenado a sua criação com o seu partido, como acontece tradicionalmente.

Netanyahu procura uma solução política que lhe permita manter-se no poder para evitar a justiça. O julgamento por corrupção, fraude e abuso de confiança deveria ter começado na semana passada, mas foi adiado para Junho por causa da pandemia do coronavírus. A emergência médica também permitiu a Edelstein suspender os trabalhos parlamentares e permitir ao primeiro-ministro em exercício governar por decreto, sem controlo de deputados. Só a decisão do Supremo impediu que o estratagema político continuasse a funcionar em proveito de Netanyahu.

Aliás, Avigdor Lieberman, antigo ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Netanyahu, apresentou esta terça-feira no Parlamento uma proposta de lei para obrigar a que primeiros-ministros acusados de crimes tenham de ser afastados do cargo ao fim de 30 dias. A legislação ainda demorará algumas semanas a ser aprovada, porque ainda tem de passar por várias comissões que ainda não foram formadas, mas visa evitar que Netanyahu possa continuar a desafiar a justiça desde a chefia do Governo.