Deixem os cientistas contribuir! Já!
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge não tem capacidade para responder sozinho a esta catástrofe. Há muitos mais cientistas que querem e podem contribuir.
Onde estão os milhares de cientistas portugueses? Onde estão as centenas de laboratórios do sistema científico nacional, alguns com responsabilidades acrescidas pelo seu estatuto de laboratório associado de dar resposta “à prossecução de determinados objetivos de política científica e tecnológica nacional”? O combate a esta pandemia constitui um compromisso e uma obrigação social muito mais do que nacional, planetária.
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Onde estão os milhares de cientistas portugueses? Onde estão as centenas de laboratórios do sistema científico nacional, alguns com responsabilidades acrescidas pelo seu estatuto de laboratório associado de dar resposta “à prossecução de determinados objetivos de política científica e tecnológica nacional”? O combate a esta pandemia constitui um compromisso e uma obrigação social muito mais do que nacional, planetária.
A comunidade científica portuguesa pode dar um contributo útil e imperativo nesta luta contra a pandemia. No diagnóstico, na informação, na divulgação, na elaboração de modelos de doença que ajudem a prever o futuro, na identificação de fatores de risco, de suscetibilidade, na implementação de mecanismos de proteção e de recuperação.
É imperativo que sejam envolvidos, já!
Mas, para tal, é preciso que as autoridades e o Governo os deixem trabalhar, despindo-se das hierarquias absurdas e dos protagonismos injustificados que nos tolhem os movimentos a cada dia, muito mais nesta hora de urgência. O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge não tem capacidade para responder sozinho a esta catástrofe. Há muitos mais cientistas que querem e podem contribuir.
– É preciso acesso aos dados das pessoas infetadas (protegido o anonimato, está claro), já!
– É preciso colocar os laboratórios de investigação a desenvolver e fazer testes de diagnóstico e a sequenciar, já!
– É preciso capitalizar as competências científicas dos nossos investigadores em projetos de investigação que respondam às questões em aberto nesta epidemia, já!
Limitar a entrada da comunidade científica nesta luta é irresponsável e incompreensível.
Tarda, mas nunca é tarde. Estamos prontos, exijam de nós, comunidade científica em quem o país tanto investiu nos últimos anos. Autorizem este batalhão bem armado e competente de investigadores a participar nesta luta coletiva.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico