Governo encomendou 280 mil testes. E comprou à China 500 ventiladores
Ventiladores custaram 9,3 milhões de euros. “Até agora, não faltou nada e não é previsível que venha a faltar o que quer que seja”, disse António Costa, em entrevista à TVI.
O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que o país tem capacidade para realizar 30 mil testes do novo coronavírus por dia, garantindo que o Governo já tomou medidas para alargar este número. “Temos neste momento condições para fazer dez mil testes no sector público e 20 mil no sector privado. Estão encomendados 280 mil testes rápidos. Esta semana, chegarão 80 mil”, explicou António Costa, em entrevista à TVI.
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O primeiro-ministro afirmou esta segunda-feira que o país tem capacidade para realizar 30 mil testes do novo coronavírus por dia, garantindo que o Governo já tomou medidas para alargar este número. “Temos neste momento condições para fazer dez mil testes no sector público e 20 mil no sector privado. Estão encomendados 280 mil testes rápidos. Esta semana, chegarão 80 mil”, explicou António Costa, em entrevista à TVI.
Costa revelou ainda que o Governo já pagou 9,3 milhões de euros à China por 500 ventiladores. “Ontem [domingo] fizemos o pagamento de dez milhões de dólares para a aquisição de 500 ventiladores na China, que chegarão progressivamente até ao dia 14 de Abril. Têm havido donativos vários: via EDP houve 50 ventiladores mobilizados; uma investidora chinesa fez uma doação de 78 ventiladores entregues na embaixada de Portugal em Pequim, para os hospitais da área metropolitana de Lisboa”, revelou o primeiro-ministro.
"Não perderemos o controlo da situação"
O primeiro-ministro acredita que os hospitais do país não chegarão ao ponto de ruptura, relembrando que os estudos epidemiológicos mostram um cenário pior do que aquele que se verifica.
“Creio que não atingiremos o ponto de ruptura e é para isso que estamos a trabalhar. Temos estado a trabalhar com um cenário desenvolvido por uma equipa de forma a fazer os estudos epidemiológicos da evolução. No pior dos cenários, não perderemos o controlo da situação. Como é que posso medir a fiabilidade dessas previsões? Pelo que aconteceu nestas duas últimas semanas: o número de casos verificados foi inferior ao de casos estimados. Mais vale ter capacidade em excesso do que capacidade a menos”, explicou.
“Até agora, não faltou nada [nos hospitais] e não é previsível que venha a faltar o que quer que seja”, começou por dizer António Costa, interrompido pelo jornalista José Alberto Carvalho e confrontado com uma reportagem transmitida na TVI que mostrava deficiência de meios. Em resposta, o primeiro-ministro garantiu que o Governo tem tomado medidas para garantir o bom funcionamento nos hospitais.
“Houve já um reforço de mil médicos e 1800 enfermeiros. Houve um reforço muito grande da capacidade de resposta da Linha Saúde 24. Temos 47 pessoas nos cuidados intensivos. Temos 1142 ventiladores, a margem ainda é muito significativa. Estamos a adquirir”, disse.
O primeiro-ministro sublinhou a gravidade da emergência da pandemia, elogiando as precauções tomadas pelos portugueses ainda antes do estado de emergência.
“Acho que aquilo que todos temos de ter consciência é da emergência que estamos a enfrentar e, simultaneamente, conseguir evitar um pânico generalizado, que seria duplicar o risco do vírus. Acho que tem sido notável a reacção dos portugueses. Ainda antes de ser decretado o estado de emergência, havia uma enorme contenção. Todos já percebemos que, perante o novo vírus, há uma regra básica: quanto menos contactarmos uns com os outros e maior distância mantivermos [entre pessoas], menor o risco de contagiar terceiros ou de sermos contaminados. Não podemos desvalorizar o risco que existe à escala global, concretamente no nosso país. Tudo o que dissesse para diminuir a dimensão da emergência seria um erro”, acredita Antónia Costa.
"Não há bóias que nos ajudem num tsunami"
Na área da economia, a prioridade é impedir a destruição das empresas, garante o primeiro-ministro, adiantando que o pagamento do IVA, do IRS e do IRC foram adiados para o segundo semestre e poderão ser pagos às prestações.
“Adiámos para o segundo semestre o pagamento do IVA, do IRS e do IRC, com a possibilidade de pagamento em prestações nesse segundo semestre. A prioridade tem de ser segurar as empresas que existem. O que pedimos foi uma solução partilhada: pode recorrer ao layoff, o trabalhador recebe 70% do salário pagos pela Segurança Social. No seu caso [proprietário], não paga a taxa social única, 100% do vencimento, mas simplesmente aquele terço do salário”, reitera António Costa.
A modalidade de layoff custará aos cofres do Estado cerca de mil milhões de euros por mês.
António Costa revelou também que o Governo está muito perto de firmar um acordo com a banca que se traduzirá numa moratória no pagamento de créditos das empresas e das famílias. "Estamos a poucos dias de acordar com a banca uma moratória, seja para as famílias com crédito à habitação, seja para as empresas com créditos múltiplos de forma a assegurar-lhes maior liquidez”, afirmou o primeiro-ministro.
E se as medidas tomadas forem insuficientes? “Não há bóias que nos ajudem num tsunami. Não vale a pena criarmos a ilusão às pessoas de que vamos passar este processo sem dor. E acho que esta é uma relação de franqueza que temos de ter”, reiterou.
16 detidos por desobediência
Nos últimos dois dias foram detidas 16 pessoas por desrespeitarem as regras do estado de emergência. António Costa revelou que foram detidas nove pessoas esta segunda-feira e outras sete no domingo. Quando confrontado com as aglomerações que se verificaram em algumas zonas durante o fim-de-semana, o primeiro-ministro não descartou a imposição de um quadro sancionatório, mas relembrou a atitude da maioria que tem cumprido as restrições.
“Se for necessário impor um quadro sancionatório, imporemos. Mas aquilo em que eu quero acreditar é que os portugueses continuarão todos a mostrar a enorme maturidade e civismo que têm mostrado”, comentou.