Leitura em tempos de pandemia

Resolver problemas através da leitura é a proposta da biblioterapia. Nesta segunda semana de isolamento, Sandra Barão Nobre dá duas sugestões para ler em casa.

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Fabiola Peñalba/Unsplash

Esta semana, dois dos livros que recomendo com mais frequência, indicados para potenciar o nosso equilíbrio emocional e mental e para promover valores como a empatia, a compaixão, a coragem, a determinação, a perseverança e a resiliência.

A verdade faz-nos mais fortes

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Esta semana, dois dos livros que recomendo com mais frequência, indicados para potenciar o nosso equilíbrio emocional e mental e para promover valores como a empatia, a compaixão, a coragem, a determinação, a perseverança e a resiliência.

A Árvore da Vida, de Pedro Strecht, Manufactura

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Neste seu breve ensaio (apenas 81 páginas) acessível a qualquer leitor, Pedro Strecht evidencia que animais e plantas partilham 70% do ADN e espelha o corpo e a psique dos seres humanos nas árvores: ambos crescem de forma vertical, precisam de raízes (referências sociais, culturais, etc.) e de um tronco (por exemplo, valores orientadores). O estado de degradação a que chegaram as florestas, e, por extensão, a natureza em todo o planeta, é um reflexo, argumenta o autor, dos maus tratos infligidos à árvore que existe em cada ser humano, que se encontra desenraizado, solitário, distraído com o supérfluo e o superficial e que descuida a limpeza do seu jardim interior, isto é, a sua saúde mental.

A comunidade científica tem vindo a defender que a destruição dos habitats naturais — a par do aumento da população mundial e da rapidez com que esta se desloca e ocupa áreas intocadas —, permitiu que doenças que antes atingiam apenas animais chegassem aos seres humanos. Pensa-se que será o caso da covid-19.

Num momento em que nos é pedido recolhimento para travar a pandemia, o ensaio de Pedro Strecht permite-nos preparar um futuro muito próximo, quando pudermos de novo desfrutar do ar livre sem restrições, dando a essa experiência de contacto com a natureza um valor renovado e, no mínimo, redobrado. Amar e cuidar das árvores e de toda a natureza é cuidar de si e, num exercício de solidariedade, cuidar dos outros também. É alcançar uma forma de solidez e de rectidão que contribui para o equilíbrio de cada um e de toda a sociedade.

É Isto que Eu Faço, de Lynsey Addario, Marcador

Lynsey Addario nasceu em 1973, nos EUA, e é a mais nova de quatro irmãs. Começou a fotografar aos 13 anos, quando o pai lhe ofereceu a sua primeira máquina fotográfica. Conseguiu o seu primeiro trabalho como fotojornalista freelance em Buenos Aires, na Argentina, em 1996 começou a trabalhar para a Associated Press, em Nova Iorque, e em 2000 mudou-se para a Índia para fazer a cobertura fotojornalística do Sul da Ásia. Fotografa na Índia, no Paquistão, no Afeganistão e no Nepal, dando especial atenção aos direitos humanos e às questões das mulheres. Após o 11 de Setembro, voltou ao Médio Oriente para testemunhar as consequências da guerra. A partir daí ­— no Paquistão, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, no Darfur, na República Democrática do Congo, na Somália — afirma-se como uma das maiores fotojornalistas do nosso tempo.

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A história de vida de Lynsey Addario é excepcional, a sua carreira brilhante e o seu exemplo de abnegação, determinação e coragem, verdadeiramente inspirador. As suas memórias, ao mesmo tempo que denunciam desigualdades e injustiças revoltantes sofridas noutras latitudes, ajudam a colocar em perspectiva os nossos privilégios, a tomar consciência deles e a persistir a partir dessa vantagem.

Espero que possam ir beber força a estas páginas, ao mesmo tempo que aprimoram a vossa capacidade empática e de compaixão, aliados imprescindíveis no combate à covid-19 e a outros flagelos.