Dia Internacional da Água: A nossa sede é inesgotável
A água e o sabão apesar de primos humildes dos medicamentos são a primeira grande defesa para evitar a propagação de doenças contagiosa.
Neste Dia Internacional da Água a crise pandémica que atravessamos obriga a uma revalorização das regras básicas de higiene: afinal a água e o sabão apesar de primos humildes dos medicamentos são a primeira grande defesa para evitar a propagação de doenças contagiosas.
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Neste Dia Internacional da Água a crise pandémica que atravessamos obriga a uma revalorização das regras básicas de higiene: afinal a água e o sabão apesar de primos humildes dos medicamentos são a primeira grande defesa para evitar a propagação de doenças contagiosas.
Mas nem todos têm acesso a água com qualidade para se proteger a si e à sua comunidade. Poderemos sempre contar com a água limpa e abundante que tão crucial se revela nas várias facetas do dia-a-dia? As tendências mostram que temos de atuar com urgência e de forma eficaz.
As alterações climáticas, o crescimento demográfico e os padrões de consumo levam a que mais de dois mil milhões de pessoas vivam sob stress hídrico elevado, prevendo-se um aumento de 20 a 30% de captação de água até 2050 sobretudo nos setores doméstico e industrial. A nossa sede é inesgotável.
Tem havido um interesse crescente nas chamadas soluções baseadas na Natureza para a gestão inteligente da água. Nesta abordagem estão incluídos, por exemplo, os chamados Leitos de Plantas Construídos ou FitoETARs, que servem para tratar águas residuais domésticas e industriais e escorrências de estradas ou outros pavimentos. Trata-se de unidades autónomas (embora possam complementar estruturas já existentes) com provas dadas no que diz respeito à eficiência de tratamento e baixos custos de operação. Estas estruturas vegetais mimetizam os serviços de limpeza dos ecossistemas providenciando água com qualidade para aplicações diversas, como a irrigação. Por seu lado nesta “ETAR verde” as plantas crescem graças aos poluentes nutritivos, como azoto e fósforo, e removem carbono da atmosfera (contribuindo para recuperar recursos e mitigar as alterações climáticas). O bónus está na sua dupla funcionalidade enquanto zona verde, com benefícios para a qualidade do ar e biodiversidade.
Igualmente inovadoras são as coberturas ou telhados verdes, verdadeiros jardins no topo de edifícios que retêm a água em alturas de chuva intensa, especialmente em cidades impermeabilizadas onde também atenuam o chamado efeito de ilha de calor (as cidades são mais quentes do que os seus entornos rurais), e contribuem para a eficiência térmica dos edifícios – com a consequente redução do consumo energético. Estas soluções baseadas na Natureza garantem gratuitamente serviços que de outra forma teríamos de contratar comercialmente, com elevadíssimos custos.
É difícil dar valor àquilo de que não se sente a falta e, embora estejamos todos aparentemente comprometidos com a sustentabilidade do planeta e preocupados com as alterações climáticas, é preciso lembrar que o uso da água não pode ser dissociado da emissão de gases de efeito estufa. Se a importância da água só se transformar em prioridade pública quando esta deixar de correr nas torneiras pode já ser tarde demais para muitos, pessoas e ecossistemas, que dela dependem. O Dia Internacional da Água é um lembrete para conversarmos sobre o nosso recurso comum enquanto ainda vale a pena.