Hospitais privados vão receber doentes de covid-19
Medida aplica-se aos pacientes que são diagnosticados nessas unidades privadas. Portugal tem 1020 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus, mais 235 do que os registados do dia anterior.
Os hospitais privados vão passar a receber os doentes de covid-19 que sejam diagnosticados nestas unidades. Até agora, seguiam o protocolo que estabelecia que os casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus fossem encaminhados para os hospitais de referência.
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Os hospitais privados vão passar a receber os doentes de covid-19 que sejam diagnosticados nestas unidades. Até agora, seguiam o protocolo que estabelecia que os casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus fossem encaminhados para os hospitais de referência.
O boletim da Direcção-Geral da Saúde desta sexta-feira dava conta de 1020 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus em Portugal, mais 235 do que os registados do dia anterior, e 24 cadeias de transmissão activas. Há 126 pessoas internadas, 26 delas em unidades de cuidados intensivos. Há ainda registo de seis mortes: duas na região de Lisboa, duas na região Centro, uma no Norte e outra no Algarve. Mas também destaca a recuperação de cinco pessoas.
“Os hospitais privados também vão receber doentes covid, em casos em que os doentes sejam diagnosticados no privado e em regime de complementaridade com o SNS. A resposta tem sido adaptada à evolução do surto no país”, respondeu o gabinete de comunicação do Ministério da Saúde às perguntas enviadas pelo PÚBLICO sobre a reorganização da rede de cuidados de saúde.
Durante a manhã, na conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde afirmou que a ajuda disponibilizada pelos privados é “muito importante como resposta complementar ao SNS”. Nessa altura, António Lacerda Sales disse que a ajuda do sector privado ainda não tinha sido usada porque não tinha sido preciso, mas salientou que “conforme a evolução do surto” podia ser chamada.
O PÚBLICO apurou que durante a tarde desta sexta-feira a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada e Ministério da Saúde estiveram reunidos para articular a nova fase de resposta à pandemia.
Foi na conferência de imprensa que o secretário de Estado da Saúde disse que as unidades de cuidados intensivos dos privados poderão ser “muito importantes” para lidar com o surto. E deu números: 450 camas de cuidados intensivos que se podem juntar às 1124 já contabilizadas no SNS. A contabilidade dos ventiladores já tinha sido feita e no sector privado estão sinalizados 250 destes equipamentos.
Alguns dos grupos privados de saúde já estavam a reorganizar-se para receber doentes de covid-19. O grupo CUF enviou esta semana um comunicado aos funcionários explicando que “dois dos seus hospitais — o Hospital CUF Porto e o Hospital CUF Infante Santo — assumirão o diagnóstico e tratamento de doentes com infecção pelo novo coronavírus”. Também o grupo Lusíadas Saúde emitiu um comunicado no qual dizia disponibilizar 231 camas de internamento, 54 ventiladores e as respectivas equipas de saúde necessárias do Hospital Lusíadas Albufeira, Clínica de Santo António e uma parte do Hospital Lusíadas Porto para doentes com covid-19.
No Serviço Nacional de Saúde a resposta à pandemia está igualmente a reorganizar-se. “Conforme foi dito na conferência de imprensa de ontem [quinta-feira], a maioria dos hospitais já está pronta para receber pacientes infectados com o novo coronavírus”, salientou o Ministério da Saúde. A directora-geral da Saúde Graça Freitas explicou nessa conferência que todos os hospitais estavam a criar circuitos para separar os doentes com e sem suspeita de infecção.
O mesmo está acontecer nos centros de saúde. “O acompanhamento de doentes não urgentes de covid também será feito ao nível dos cuidados de saúde primários. Os médicos de família já estão a contactar telefonicamente os doentes com consultas programadas e vão continuar a fazê-lo bem como a orientar as questões de emissão de receitas, análises e exames e fá-lo-ão também para monitorizar doentes com covid-19”, refere o ministério na resposta ao PÚBLICO.
Capacidade para 9000 testes
Na conferência de imprensa desta sexta-feira, Graça Freitas afirmou que o Portugal “tem capacidade instalada para realizar 9000 testes” caso seja necessário. “Todos os que têm indicação para fazer o teste, fazem”, assegurou, explicando que são aplicados critérios de acordo com a exposição ao risco. Explicou ainda que estão a chegar novas metodologias que terão de ser validadas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
Falou também dos protocolos de entrada e de saída do país. E disse que “vai entrar em vigor na próxima semana”. “Hoje [sexta-feira] vamos lançar uma norma nova para os serviços se orientarem e a indicação genérica é que quem entra em Portugal vai ter de ficar em isolamento profiláctico durante 14 dias. As autoridades de saúde da região para onde estas pessoas forem podem depois fazer uma avaliação mais fina e tomar medidas que excepcionem esta regra”, explicou Graça Freitas.