Centeno focado no OE e na crise. Situação “requer empenho de todos”, dizem Finanças

Marcelo e Centeno reúnem-se segunda-feira. O Presidente quer que o ministro das Finanças não saia agora do Governo. Situação “requer empenho de todos”, explica fonte oficial do Ministério das Finanças.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA / POOL

“Há um Orçamento prestes a entrar em vigor e uma situação que requer o empenho de todos os portugueses.” Foi assim que fonte oficial do Ministério das Finanças respondeu ao PÚBLICO, que questionou o Terreiro do Paço sobre a reunião que Mário Centeno terá na segunda-feira com Marcelo Rebelo de Sousa, na qual o Presidente da República defenderá que o ministro das Finanças não deve sair agora do Governo. 

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“Há um Orçamento prestes a entrar em vigor e uma situação que requer o empenho de todos os portugueses.” Foi assim que fonte oficial do Ministério das Finanças respondeu ao PÚBLICO, que questionou o Terreiro do Paço sobre a reunião que Mário Centeno terá na segunda-feira com Marcelo Rebelo de Sousa, na qual o Presidente da República defenderá que o ministro das Finanças não deve sair agora do Governo. 

A informação sobre a existência da reunião foi avançada pelo Expresso deste sábado. O semanário escreveu que o encontro será ao meio-dia e que na agenda estão dois pontos: as consequências orçamentais das medidas adoptadas na resposta à pandemia e a tentativa de convencer Mário Centeno a ficar no Governo, perante as incertezas geradas pela crise. 

O PÚBLICO confirmou junto de Belém a existência da reunião. No Terreiro do Paço a resposta a este encontro é dada com cautela. “As reuniões entre órgãos de soberania estão ao mais alto nível da República e o seu conteúdo nunca foi nem será comentado em público pelo Ministério das Finanças”, diz fonte oficial ao PÚBLICO.

Mas a mesma fonte explica o que centra as atenções do ministro das Finanças. “Há um Orçamento prestes a entrar em vigor e uma situação que requer o empenho de todos os portugueses.” Este pode ser um sinal de que Mário Centeno pode estar disponível para ficar mais tempo no executivo, mas que tem de ser transmitido com cautela, até porque nunca foi assumido preto no branco que Centeno sairia.

No entanto, foi o próprio ministro das Finanças que alimentou a ideia de sair do Governo antes do Verão. Em Dezembro do ano passado, em entrevista ao Expresso, o Mário Centeno disse não ver “nenhum conflito de interesses” na sua passagem para o Banco de Portugal.

A saída de Mário Centeno era apontada para Junho/Julho, altura em que termina o mandato como presidente do Eurogrupo e quando o lugar de governador do banco central fica vago. 

A ideia de que esta não seria a melhor altura para sair foi defendida por um dos conselheiros de Rui Rio numa entrevista ao PÚBLICO, numa altura em que os economistas começaram a antever que esta crise sanitária também poderia ser uma crise económica, com consequências inevitáveis nas contas públicas. “Agora é que a equipa precisa do ‘Ronaldo nas Finanças'”, disse Joaquim Miranda Sarmento.

Embora num primeiro momento o ministro das Finanças tenha estado afastado dos anúncios de medidas - mais por estratégia política, porque o Governo não queria o foco centrado nas consequências orçamentais das primeiras medidas -, Mário Centeno tem estado presente nas comunicações mais recentes do executivo.

“Faremos tudo o que for preciso, e mais”, disse na segunda-feira, mostrando assim que o impacto orçamental desta crise é a últimas das preocupações do Governo, depois de ter cultivado a marca de um ministro muito focado nas contas públicas, batendo o recorde do défice mais baixo da democracia e apresentando o primeiro Orçamento do Estado com um excedente - o de 2020 (que já não será). Além disso, Centeno, o quarto ministro de Estado deste Governo, faz parte do gabinete de crise criado pelo executivo que se concentrará na gestão da pandemia e das suas consequências. 

António Costa disse sexta-feira que Portugal vai ter pela frente “três meses muito duros” e apontou Junho como a altura para, então, avançar com um programa para relançar a economia. A estratégia do Governo é primeiro salvar, para depois relançar.