A fricção entre o classicismo e o vanguardismo nos Pop dell’Arte
Passados dez anos sobre Contra Mundum, regressam como se nunca tivessem desaparecido dos discos. Transgressio Global vai à Antiguidade e à mitologia clássica com a mesma facilidade com que pega numa guitarra eléctrica e acciona programações rítmicas.
Lá atrás no tempo, João Peste imaginava-se a chegar ao século XXI e a ser altamente surpreendido pela produção musical. Ele que crescera a ouvir The Beatles, Walker Brothers, Stevie Wonder, Cream, Ray Charles, Ike & Tina Turner e vários discos da Motown, e que começara a formar a sua identidade musical no contacto espantado com a música de Kraftwerk, Negativland, Sonic Youth, Devo, Suicide, Sex Pistols e tantos outros, não esperava que, depois de também o advento do hip-hop o ter desassossegado, chegássemos a um presente como este. As memórias de finais dos anos 70 lembram a Peste um período extremamente rico em que “quase todos os dias surgiam coisas novas ou ideias diferentes — os B-52’s não eram iguais aos Devo, que não eram iguais aos Suicides nem iguais aos XTC”.