A Feira do Livro de Lisboa será adiada para final de Agosto

A Associação de Portuguesa de Editores e Livreiros anunciou esta sexta-feira em comunicado o adiamento da 90.ª Feira do Livro de Lisboa. E várias editoras portuguesas decidiram adiar temporariamente a publicação dos seus livros.

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Nuno Ferreira Santos

As datas concretas só serão confirmadas no decorrer da próxima semana mas a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros anunciou esta sexta-feira em comunicado que “face à pandemia da Covid-19, e em coordenação com a Vereação da Cultura da CML, a Feira do Livro de Lisboa 2020 será adiada para as últimas semanas de Agosto, início de Setembro.”

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As datas concretas só serão confirmadas no decorrer da próxima semana mas a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros anunciou esta sexta-feira em comunicado que “face à pandemia da Covid-19, e em coordenação com a Vereação da Cultura da CML, a Feira do Livro de Lisboa 2020 será adiada para as últimas semanas de Agosto, início de Setembro.”

A Feira do Livro de Lisboa estava marcada para os dias 28 de Maio e 14 de Junho, no Parque Eduardo VII.

Na quarta-feira, a Penguin Random House Grupo Editorial Portugal, de que fazem parte as chancelas Alfaguara, Companhia das Letras, Objectiva, Suma de Letras, Arena, Nuvem de Letras e Nuvem de Tinta, tinha comunicado a sua decisão de adiar temporariamente a publicação de novos livros.

E esta sexta-feira, o Grupo Saída de Emergência também decidiu suspender o lançamento de todas as novidades agendadas para as próximas semanas, por tempo indeterminado. “As nossas equipas estão desde o início da semana em regime de teletrabalho e continuam a desenvolver o plano editorial de forma a retomar as publicações assim que existam condições para tal”, anunciaram também em comunicado. 

A Bertrand Editora, detentora das chancelas Bertrand, Quetzal, Temas e Debates, Pergaminho, Arte Plural, Gestão Plus, Contraponto, 11x17 e Verso da Kapa, decidiu suspender a publicação de novos livros a partir desta sexta-feira e durante todo o mês de Abril. “A Bertrand Editora teve de se adaptar repentinamente a esta nova realidade, o que nos colocou e coloca novos desafios. Os nossos processos estão ainda a ajustar-se a esta realidade transitória e, sendo esta uma actividade criativa, é fundamental não descurar a interacção humana, hoje em dia mais limitada, que tem capital importância na construção de capital intelectual”, afirma em comunicado Paulo Oliveira, CEO da Bertrand Editora. “Temos esperança de que em breve poderemos retomar o nosso plano editorial, assegurando que todos os lançamentos terão a dignidade e a relevância que os nossos autores merecem e que os portugueses terão acesso aos novos livros que tanto desejam.”

Por sua vez, a editora Relógio D’Água também veio esta sexta-feira dizer que, tal como acontece com “todas as editoras, livrarias e outras actividades”, a pandemia actual os está a obrigar a repensar os seus projectos “tendo em conta a inevitável quebra de vendas”.

Por isso vários lançamentos foram adiados, desde obras de clássicos, antigos ou contemporâneos, como Thomas Mann ou Marguerite Yourcenar ou obras actuais como Os Teus Passos nas Escadas, de Antonio Muñoz Molina, A Era do Capitalismo de Vigilância, de Shoshana Zuboff, Na Terra Somos brevemente Magníficos, de Ocean Vuong, ou A Escola de Topeka, de Ben Lerner. O mesmo vai acontecer com novas edições ou reedições de autores de língua portuguesa, como Agustina Bessa-Luís,  Djaimilia Pereira de Almeida, Gonçalo M. Tavares, Cristina Carvalho, Jaime Rocha, Maria Andresen e Clarice Lispector. “A edição de todos estes livros está adiada para uma data ainda incerta. As vendas online de livros impressos, e mesmo de ebooks, só muito parcialmente podem compensar as vendas no circuito livreiro normal”, explica o editor Francisco Vale em comunicado. 

O sector editorial da Relógio D’Água entrou em regime de teletrabalho e o seu sector de distribuição mantém-se activo, em particular no envio de obras adquiridas no site. "Ainda desconhecemos como ficará a paisagem editorial depois desta crise, mas desde já a direcção da RA assegura a autores, tradutores, revisores, aos seus trabalhadores e às tipografias que fará tudo o que estiver ao seu alcance para assumir as suas responsabilidades.”

Mas lembra Francisco Vale, “em muitas casas há livros à espera de serem abertos e que não se importam que o pretexto seja apenas a reclusão involuntária dos leitores”, “neste período em que o contágio faz com que a proximidade possa surgir como um risco, esses livros e os que hão-de vir continuarão a ligar-nos aos outros. E alguns deles podem também ajudar-nos a reflectir sobre o modo como a devastação do planeta e de espécies selvagens levou certos vírus a procurar habitats humanos.”