Desinformação propaga-se mais rápido e atinge mais pessoas do que vírus biológicos
O objectivo final de tipo de análises é calcular o ponto de inflexão em que os rumores e a informação se tornam virais.
A desinformação propaga-se como os vírus biológicos, mas de forma mais rápida e alcança muito mais pessoas, segundo um estudo sobre contágio social publicado na revista científica Nature Physics, que tem grande impacto internacional.
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A desinformação propaga-se como os vírus biológicos, mas de forma mais rápida e alcança muito mais pessoas, segundo um estudo sobre contágio social publicado na revista científica Nature Physics, que tem grande impacto internacional.
O trabalho contou com a participação de investigadores dos Estados Unidos, do Reino Unido e de Espanha, liderados por Yamar Moreno, físico teórico e responsável pelo Grupo ReinRedes e Sistemas Complexos (Cosnet), do Instituto de Biocomputação e Física de Sistemas Complexos (BIFI) da Universidade de Saragoça, e por Alessandro Vespignani, da Universidade Northeastern, em Boston.
O estudo é aplicável à onda de fraudes sobre o novo coronavírus, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) qualificou como “infodemia”, noticia a agência Efe.
De acordo com a explicação de Yamar Moreno, a informação viaja mais rápido do que nunca – tanto a “boa” informação como as falsas notícias (fake news) –, mas a rapidez e o alcance com se propaga depende, em grande medida, de quem a partilha e de onde tem origem a notícia, se através das redes sociais ou de conversas entre pessoas. Assim, se se quiser saber mais sobre a difusão da informação, deve estudar-se primeiro como se relacionam os humanos e como se enquadra a dinâmica deste processo de propagação nas interacções, acrescentou o especialista.
A análise mostra o caminho a seguir para o desenvolvimento de modelos de difusão de informação (e desinformação) muito mais precisos e que tenham em conta a estrutura geográfica e social das interacções na rede social ou fora dela.
Pela primeira vez neste tipo de investigação, os cientistas usaram dados reais de mobilidade na Europa para estudar como viaja a informação geograficamente. Assim, acoplando o modelo matemático aos dados disponíveis, foram capazes de provar e quantificar como a mobilidade das pessoas na Europa influencia a propagação de um rumor. A equipa também aplicou a metodologia desenvolvida a outras bases de dados de comunicação online.
O objectivo final destas análises é calcular o ponto de inflexão em que os rumores e a informação se tornam virais.
Os autores concluíram que o processo ou fenómeno de contágio social é muito semelhante ao contágio biológico e acreditam que este estudo poderá ajudar a desenvolver no futuro um marco computacional que permita uma modelização mais realista dos processos de difusão de informação. Por exemplo, poderá saber-se com mais precisão o papel que desempenham diferentes grupos de pessoas nos referidos processos, considerando que a informação não viaja, nem se propaga da mesma maneira e que nem todos os tipos de informação atraem o mesmo público.