Coronavírus: quiosques são “essenciais”, diz primeiro-ministro. 20% estão fechados
O número de quiosques abertos tem diminuído ao longo dos dias, por receio dos proprietários ou ordens das autarquias. Distribuidores pedem medidas que garantam serviços mínimos durante o surto.
Quando apresentou as medidas do estado de emergência, o primeiro-ministro anunciou que a “regra é o encerramento” dos estabelecimentos comerciais com atendimento ao público. António Costa enumerou, entre outras excepções, os quiosques, parte do grupo de “estabelecimentos que, prestando um conjunto de serviços essenciais para a vida das pessoas, podem e devem manter-se abertos”. No entanto, quase 20% dos proprietários decidiram suspender a actividade e algumas autarquias deram até ordens para encerrar este tipo de estabelecimentos.
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Quando apresentou as medidas do estado de emergência, o primeiro-ministro anunciou que a “regra é o encerramento” dos estabelecimentos comerciais com atendimento ao público. António Costa enumerou, entre outras excepções, os quiosques, parte do grupo de “estabelecimentos que, prestando um conjunto de serviços essenciais para a vida das pessoas, podem e devem manter-se abertos”. No entanto, quase 20% dos proprietários decidiram suspender a actividade e algumas autarquias deram até ordens para encerrar este tipo de estabelecimentos.
Paulo Proença, director da VASP, uma empresa de distribuição de imprensa, dá conta de uma “situação bastante grave” no sector, que tem evoluído gradualmente desde 9 de Março e que se agravou nos últimos dias. Só de quarta para quinta-feira, quase 500 postos suspenderam actividade devido à ameaça do novo coronavírus.
O ponto de situação, até ao final desta quinta-feira, dava conta de 1424 pontos de venda encerrados, num universo de 7234 pertencentes à rota de distribuição da VASP em Portugal continental.
Dos 1424 pontos que interromperam serviços, quase 20% da rede nacional, 1241 são postos de venda tradicionais, como tabacarias e quiosques, responsáveis por cerca 85% das vendas de jornais, de acordo com a VASP. Os restantes pontos são bombas de gasolina (60) e locais de venda dentro de cadeias de supermercados (123), números menos significativos de espaços ainda abertos.
Paulo Proença entende o receio dos vendedores, mas alerta que a situação pode tornar-se “dramática” se não houver medidas para garantir o “direito das pessoas” à informação, “mais pormenorizada” no caso da imprensa, da mesma forma que também há garantias de abastecimento na alimentação.
“Desde o início que fizemos um apelo à nossa rede de pontos de venda para que se mantivessem abertos para prestar esse serviço, não só aos clientes, mas à população em geral”, indica o director da VASP. Paulo Proença refere ainda o risco acrescido que o encerramento de pontos de venda pode ter na mitigação do surto: se os quiosques próximos das populações estiverem fechados, quem quiser comprar jornais terá de se deslocar a supermercados ou gasolineiras, espaços com maior afluência de pessoas.
Apesar de a maioria dos pontos de venda ter sido encerrada por “vontade e receio” dos proprietários, a VASP tem conhecimento de alguns espaços que foram contactados pelas autoridades municipais para fechar. Com as indicações do Governo, essas decisões locais poderão ser levantadas, mas Paulo Proença não prevê uma melhoria da situação. Antecipa até que o número de pontos de venda encerrados continue a aumentar, a não ser que exista alguma “obrigatoriedade” para garantia de serviços mínimos.
A diminuição do número de pontos de venda é um perigo a longo para todo o sector, no entender de Paulo Proença. “É uma preocupação para o sector, até porque o jornal é uma compra de rotina e, estando as pessoas um longo período de tempo sem o comprar, é difícil que retomem o hábito.”
Há despesas associadas à manutenção dos quiosques, mesmo que estejam fechados. Nesse sentido, a Pagaqui, que permite o pagamento de contas, carregamento de telemóveis ou de títulos de transporte neste tipo de estabelecimentos, entre outras funcionalidades, anunciou na quinta-feira, em comunicado, o apoio ao comércio de proximidade.
Segundo o comunicado, a empresa vai disponibilizar gratuitamente a instalação de terminais de pagamento e “isentar os comerciantes de qualquer Taxa ao Comércio durante dois meses”, até a um máximo de 100 mil euros de vendas. A medida vai aplicar-se a “pequenos retalhistas” com facturações anuais até 500 mil euros, e a Pagaqui calcula que vai permitir aos comerciantes “uma poupança entre 800 a mil euros”.
Notícia actualizada às 12h48 de 20 de Março com a medida da Pagaqui.