A quem interessa o quê quanto ao desfecho da I Liga?

Os campeonatos de futebol estão parados, mas ainda há esperança de concluir as competições em “tempo útil”, evitando “ir a prolongamento”. Para já há diversas soluções em estudo.

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FC Porto e Benfica, duas das equipas mais expectantes com o que fazer com o desfecho da I Liga LUSA/ESTELA SILVA

A Liga vai reunir-se nesta quinta-feira para debater o futuro das competições nacionais de futebol. As hipóteses são muitas, os interesses individuais também e, para já, ninguém parece querer pensar no pior cenário: o de que poderá não haver futebol nos próximos meses. Nem mesmo a UEFA, que esclareceu ao PÚBLICO que o plano é mover meios para que os campeonatos nacionais sejam concluídos até 30 de Junho.

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A Liga vai reunir-se nesta quinta-feira para debater o futuro das competições nacionais de futebol. As hipóteses são muitas, os interesses individuais também e, para já, ninguém parece querer pensar no pior cenário: o de que poderá não haver futebol nos próximos meses. Nem mesmo a UEFA, que esclareceu ao PÚBLICO que o plano é mover meios para que os campeonatos nacionais sejam concluídos até 30 de Junho.

Por cá, o Sp. Braga vai levar à Liga seis propostas de datas para conclusão atempada dos campeonatos, todas a apontarem para conclusão das provas entre Maio e Julho – algo que obrigaria, tal como alertaram os minhotos, a cuidados especiais com os contratos dos jogadores, muitos deles a terminarem no final de Junho.

Mas e se o optimismo da UEFA e do Sp. Braga se tornar irreal e o alastramento da pandemia da covid-19 não permitir o regresso do futebol? Aí, há diversas soluções.

Impossível agradar a todos

A primeira possibilidade seria anular o campeonato 2019/20. Cenário injusto para quem tem os objectivos da temporada quase cumpridos, como são os casos de equipas com permanência praticamente assegurada na I Liga ou mesmo formações como Nacional e Farense, ambas bem colocadas para subirem à primeira divisão.

Em Inglaterra, por exemplo, Paul Barber, director executivo do Brighton, acrescentou a esta solução um detalhe: para 2020/21, ficariam na Premier League todas as actuais formações do campeonato mais as equipas que estão, neste momento, em lugar de subida na segunda divisão.

Outra forma de concluir os campeonatos seria considerar como finais as tabelas actuais. E aqui começam os problemas, sobretudo em matéria de luta pelo título. Este cenário entregaria o campeonato ao FC Porto, deixando de “mãos a abanar” um Benfica ainda matematicamente dentro da luta.

Também na parte inferior da tabela haveria muito descontentamento, com Portimonense (a seis pontos da zona de salvação) e Desportivo das Aves (a nove pontos dessa zona) a poderem alegar que a desvantagem que têm actualmente seria recuperável no que resta do campeonato – há 30 pontos ainda em disputa e muitos jogos entre rivais directos.

Por fim, tem sido abordada a possibilidade de ser considerada como final a tabela verificada no fecho da 1.ª volta. Este cenário traria a justiça de cada equipa ter jogado uma vez com as restantes, não existindo desequilíbrio relativamente aos sete jogos já feitos na segunda volta.

Porém, esta solução traria um primeiro problema evidente: desvirtuaria as recuperações feitas pelas equipas desde a jornada 17, algo que, no caso português, ganha contornos óbvios: houve troca de líder, com o FC Porto a tirar a liderança ao Benfica.

Este cenário seria desportivamente interessante para os “encarnados”, que seriam campeões nacionais, e para o Famalicão, que iria à Liga Europa, mas problemática para formações como o FC Porto, que perderia o título, e o Rio Ave, que perderia o lugar europeu entretanto conseguido (o quinto lugar também dará Europa, por via da vaga da Taça de Portugal).

A II Liga seria mais pacífica, já que as subidas e descidas seriam as mesmas, quer na tabela da primeira volta, quer na actual.

Apesar de não ser referida como uma solução em estudo para o caso português, em Inglaterra a imprensa aponta que alguns clubes ponderam a apresentar uma solução arrojada: disputar os jogos que faltam à porta fechada e em campo neutro, em dois ou três estádios definidos, com mais do que um jogo por dia. Uma solução que permitiria evitar concentração de multidões e requerer um número reduzido de pessoas referentes à logística e organização das partidas – como polícia e pessoal médico.

Tudo isto equivale a dizer que a solução mais consensual será, evidentemente, a de conseguir terminar os campeonatos em tempo útil. O problema é se esse tempo não for conseguido. Para já, ninguém parece colocar esse cenário.