Macau fecha fronteiras e Hong Kong impõe quarentena para evitar importação de coronavírus

Subiu o número de casos nas regiões administrativas especiais chinesas, que conseguiram controlar a infecção e sao vistos como um porto seguro, quando há mais de 202 mil casos registados por todo o mundo.

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Quem chegar a Hong Kong tem de passar por uma quarentena obrigatória de 14 dias LUSA/JEROME FAVRE

Macau ordenou o encerramento quase total das fronteiras e Hong Kong a quarentena obrigatória para quem chegar à região. Querem evitar uma segunda vaga de casos importados de covid-19 porque a maioria dos que foram registados nos últimos dias nas duas regiões administrativas especiais da China são de estrangeiros ou estão relacionados com cidadãos que viajaram para fora recentemente.

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Macau ordenou o encerramento quase total das fronteiras e Hong Kong a quarentena obrigatória para quem chegar à região. Querem evitar uma segunda vaga de casos importados de covid-19 porque a maioria dos que foram registados nos últimos dias nas duas regiões administrativas especiais da China são de estrangeiros ou estão relacionados com cidadãos que viajaram para fora recentemente.

Hong Kong já registou 181 infecções e Macau mais cinco esta semana (15 no total), depois de estar 40 dias sem casos confirmados. 

Este aumento de casos poderá explicar-se por Hong Kong, e o seu sistema de saúde, ser visto como porto seguro num momento em que as infecções de coronavírus estão a disparar em todo o mundo, sendo já mais de 205 mil, diz o jornal de Hong Kong South China Morning Post (SCMP). “Dado que os meus pais estão no grupo etário com grande número de mortes, parece-me que o melhor sítio para ficar é em Hong Kong”, disse Larry Salibra, residente de 38 anos na região. Os seus pais vivem na Florida, nos Estados Unidos, e receia que os resultados da até agora fraca resposta norte-americana à epidemia. 

Ao contrário do início do ano, quando o coronavírus surgiu na província de Wuhan, na China Continental, e muitos chineses abandonaram o país, agora muitos preparam-se para regressar. Por vezes, a porta de entrada é Macau ou Hong Kong. Acreditam que a China é o país cujos serviços de saúde estão mais bem preparados para enfrentar o vírus, seja por terem demonstrado capacidade (ainda que com problemas) para lidar com a infecção ou por terem mais conhecimento da doença, ao contrário dos restantes países. 

Uma situação que arrisca pôr enorme pressão sobre as autoridades regionais. Pelo menos 70% dos novos casos registados em Hong Kong são importados, obrigando as autoridades a medidas drásticas, como colocar pulseiras electrónicas a quem entrar no território para garantir a quarentena, diz a americana CNBC, numa tentativa de impedir que a pandemia se propague.

Também Macau, visto como exemplo no combate ao coronavírus, identificou nas últimas 72 horas cinco novos casos, importados de Portugal, Espanha, Reino Unido, Indonésia e Filipinas, depois de não ter registado nenhuma infecção por 40 dias. Macau tem até ao momento um total de 15 infecções, com os primeiros dez pacientes a terem recebido alta hospitalar. 

Os primeiros casos surgiram em Hong Kong e Macau no final de Janeiro e as autoridades agiram com a máxima celeridade. Foi declarada emergência, escolas encerraram, fecharam-se as fronteiras com a China Continental e estabelecimentos comerciais (como Macau fez com os casinos), apelou-se a milhões de habitantes que permanecessem em casa e evitassem todo o contacto social desnecessário e as ruas ficaram vazias, como raramente se viu. Apenas os serviços públicos essenciais continuaram a funcionar e grande parte da resposta deveu-se aos ensinamentos da crise de SARS, em 2002 e 2003, que infectou mais de oito mil pessoas e matou 774 por todo o mundo, principalmente na Ásia. 

Quem chegar a Macau ou Hong Kong é obrigado a quarentena obrigatória de 14 dias e as autoridades das duas regiões prevêem que muitos residentes no estrangeiro regressem, obrigando a novos esforços. “Acreditamos que um grande número de pessoas regresse para Hong Kong, incluindo estudantes na Europa e Estados Unidos”, admitiu ao SCMP Wong Ka-hing, do Centro de Protecção de Saúde. 

“A propagação agora está a ser de alta escola a nível mundial”, disse esta quarta-feira, em conferência de imprensa, a coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou. “Há uma forte possibilidade de casos importados aparecerem em Macau”, continuou, referindo que o executivo espera que muitos residentes regressem da Europa, considerada pela Organização Mundial de Saúde o actual epicentro da pandemia. 

Macau teme que os serviços de saúde pública fiquem sobrecarregados com um eventual aumento de casos na região e, por isso, decretou uma medida ainda mais drástica: o encerramento quase total das fronteiras. Apenas os residentes de Macau, da China Continental, Hong Kong e Taiwan e os trabalhadores não residentes de Macau poderão entrar no território.