Recolha de lixo em Lisboa: horários mudam para proteger trabalhadores do coronavírus
Algum lixo tem ficado por recolher nos últimos dias, o que se deve a uma mudança nos turnos para evitar grandes contactos entre funcionários.
Nos últimos dias a recolha de lixo tem falhado em algumas zonas de Lisboa, onde os caixotes cheios aguardam à porta dos prédios quem os venha despejar. É assim em certos locais das freguesias de Alvalade, Ajuda, Campolide e Areeiro, entre outras. Isto acontece porque a Câmara de Lisboa decidiu alterar os horários dos trabalhadores para reduzir os riscos de contágio pelo novo coronavírus.
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Nos últimos dias a recolha de lixo tem falhado em algumas zonas de Lisboa, onde os caixotes cheios aguardam à porta dos prédios quem os venha despejar. É assim em certos locais das freguesias de Alvalade, Ajuda, Campolide e Areeiro, entre outras. Isto acontece porque a Câmara de Lisboa decidiu alterar os horários dos trabalhadores para reduzir os riscos de contágio pelo novo coronavírus.
A autarquia, concertada com o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), desfasou os turnos de trabalho para garantir a rotatividade das equipas e, assim, evitar contactos excessivos entre cantoneiros. E isto tem levado a algumas mudanças nos circuitos de recolha, o que faz com que algum lixo se venha acumulando nos caixotes.
Vítor Reis, dirigente do STML, diz que trabalham 150 pessoas no turno da noite do Centro Operacional de Remoção, nos Olivais, o maior posto de Higiene Urbana da cidade. Se estivessem todos à mesma hora no mesmo local, isso comportaria “um grande risco tanto para os trabalhadores como para o serviço”, observa. Basta um funcionário estar infectado com covid-19, mas assintomático, para obrigar todos os outros, ou grande parte deles, a quarentena.
“Estes trabalhadores são essenciais e muitas vezes esquecidos”, afirma Vítor Reis, acrescentando que bombeiros, cantoneiros das juntas de freguesia e trabalhadores das oficinas municipais, que não podem parar, estão também em rotatividade de horários. “Isto foi discutido connosco e os próprios trabalhadores assim queriam. Agora vincámos que aceitamos esta situação enquanto vigorar este estado de alerta. É unicamente com este fundamento. Quando a crise estiver debelada volta tudo ao normal”, avisa o sindicalista.
Neste momento, entre a câmara e as empresas municipais, mantêm-se a trabalhar presencialmente cerca de 4500 pessoas, o que corresponde a um bocado menos de metade do total de trabalhadores. Neste número incluem-se motoristas e guarda-freios da Carris, técnicos da Gebalis ou fiscais de obras municipais, por exemplo. Cerca de 2500 funcionários estão em teletrabalho, segundo dados transmitidos ao PÚBLICO por fonte da autarquia.
Os constrangimentos na recolha de lixo devem manter-se nos próximos dias e a câmara está mesmo a ponderar, em face da declaração de estado de emergência, se faz alterações mais profundas ao serviço, como a suspensão de recolha selectiva dos resíduos (embalagens, vidro, plástico) para libertar mais trabalhadores para a recolha de indiferenciados. Numa nota divulgada esta quarta-feira, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dizem que toda a prioridade deve ser dada a este tipo de resíduos.