Têxtil diz que “acesso imediato” ao lay-off é que salvará empregos
O lay-off “é que é a medida verdadeiramente salvadora de empregos”, afirmou o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal .
O sector têxtil considera que “vão na direcção certa” as medidas de apoio hoje anunciadas pelo Governo, mas avisa que o “acesso imediato” ao lay-off simplificado é a medida “verdadeiramente salvadora” de empregos na indústria.
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O sector têxtil considera que “vão na direcção certa” as medidas de apoio hoje anunciadas pelo Governo, mas avisa que o “acesso imediato” ao lay-off simplificado é a medida “verdadeiramente salvadora” de empregos na indústria.
“Todas estas medidas são muito importantes, mas dentro da indústria a medida que é mais importante, que terá mais impacto para salvar empregos, é a possibilidade de as empresas virem a recorrer ao lay-off simplificado. As outras ajudam, mas essa é que é a medida verdadeiramente salvadora de empregos”, afirmou o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) em declarações à agência Lusa.
Segundo Mário Jorge Machado, as regras do novo regime “simplificado” de lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) em vigor desde segunda-feira prevêem que só as empresas com uma quebra de pelo menos 40% da facturação com referência ao período homólogo de três meses possam recorrer a este instrumento, “o que implica que a empresa já tem a infecção espalhada por todo o corpo quando lhe dão o antibiótico”.
“A medida é bem pensada, vai na direcção daquilo que é necessário, só que tem de ser de aplicação imediata, não pode ser uma situação em que tem de se esperar que a infecção se espalhe por todo o corpo para o antibiótico poder ser aplicado, porque aí já pode não funcionar”, sustentou.
Outro dos receios do presidente da ATP é que as empresas não tenham sequer capacidade para pagar os 30% do salário do trabalhador que ficam a seu cargo durante o lay-off (os restantes 70% são assegurados pela Segurança Social), considerando que deveria ser equacionada a hipótese de redução temporária das remunerações dos funcionários.
“É preciso saber se, nesta altura, não deveríamos pedir sacrifícios a todos, inclusivamente aos trabalhadores. Entre receberem só 70% do seu salário e terem emprego ou receberem 100% durante algum tempo e depois já não terem emprego quando for para retomar a actividade, é fácil perceber que as pessoas preferem receber menos e manterem o emprego”, sustentou.
O Governo anunciou hoje um conjunto de linhas de crédito para apoio à tesouraria das empresas no montante total de 3000 milhões de euros, destinadas aos sectores mais atingidos pela pandemia Covid-19, com um período de carência até ao final do ano e que podem ser amortizadas em quatro anos.
Na indústria, em particular têxtil, vestuário, calçado, indústria extractiva e da fileira da madeira, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, anunciou uma linha de 1300 milhões, sendo 400 milhões de euros destinados a micro e pequenas empresas.
Segundo foi hoje anunciado pelo executivo, as empresas vão ter ainda a acesso a uma moratória, concedida pela banca, no pagamento de capital e juros e as contribuições para a Segurança Social serão reduzidas a um terço em Março, Abril e Maio, “por forma a preservar o emprego”.