Coronavírus: Ordem dos Biólogos cria bolsa de voluntários para realização de testes de diagnóstico
Profissionais das áreas da Biologia que não estejam a exercer funções devido às medidas de contingência podem “minorar as situações de constrangimento dos recursos disponíveis” e ajudar na realização dos exames para avaliar a presença do vírus no organismo.
Com a proliferação do surto de covid-19, que já infectou mais de 300 pessoas em território nacional, a realização de testes para despistar a presença do vírus contagioso no organismo continua a aumentar. Tudo indica que este aumento vai assumir proporções ainda maiores nas próximas semanas, colocando-se, aponta a Ordem dos Biólogos, o problema de se esgotarem “as capacidades dos laboratórios de diagnóstico em Portugal e em todo o mundo”. Para “minorar as situações de constrangimento dos recursos disponíveis” e ajudar a assegurar as respostas médicas que são indispensáveis neste “período de crise”, a associação criou uma bolsa de voluntários destinada a profissionais da área que, neste momento, não estejam a exercer funções, devido às medidas de contingência, e que possam colaborar com os diferentes institutos responsáveis na realização destes exames.
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Com a proliferação do surto de covid-19, que já infectou mais de 300 pessoas em território nacional, a realização de testes para despistar a presença do vírus contagioso no organismo continua a aumentar. Tudo indica que este aumento vai assumir proporções ainda maiores nas próximas semanas, colocando-se, aponta a Ordem dos Biólogos, o problema de se esgotarem “as capacidades dos laboratórios de diagnóstico em Portugal e em todo o mundo”. Para “minorar as situações de constrangimento dos recursos disponíveis” e ajudar a assegurar as respostas médicas que são indispensáveis neste “período de crise”, a associação criou uma bolsa de voluntários destinada a profissionais da área que, neste momento, não estejam a exercer funções, devido às medidas de contingência, e que possam colaborar com os diferentes institutos responsáveis na realização destes exames.
O bastonário da Ordem dos Biólogos, José Matos, explica ao P3 que esta é uma medida “proactiva em vez de responsiva”. “Felizmente”, aponta, “não recebemos nenhum pedido de ajuda dos laboratórios nem temos indicações de que eles estejam a sofrer com falta de pessoal”. “Estamos apenas a prever que isto vai acontecer porque os números assim o indicam.” Com o crescimento de infectados e as medidas cada vez mais severas impostas pelo Governo português para tentar conter a pandemia, o investigador assinala que vivemos uma fase na qual “a quantidade destes profissionais a trabalhar vai diminuir”. Perante o fecho de escolas e creches, “pais vão precisar de ficar em casa a tomar conta dos filhos menores”, e “há ainda quem, por algum motivo, tenha de ficar em quarentena”. A ideia da bolsa entre profissionais da carreira de investigação científica surge porque, com o encerramento de muitos dos centros de investigação, estes “estarão mais disponíveis para ajudar”.
No formulário que precisa de preencher para conseguir colaborar, o voluntário encontra separadores para especificar a sua área principal de trabalho (com opções que vão de bioquímica ou microbiologia, por exemplo, a análises clínicas), o tipo de experiência que possui, a disponibilidade semanal que tem e o distrito do país onde está disponível para trabalhar. Os dados, avança o bastonário, são depois partilhados com o Ministério da Saúde, que organiza e separa os vários contactos por região antes de os ceder aos laboratórios indicados. São estes que fazem a gestão apropriada às suas necessidades. “Hoje podem não precisar de ninguém, mas amanhã, de repente, se calhar fazem falta dois ou três técnicos no local.” Os voluntários vão, fundamentalmente, preparar as reacções químicas através das quais é feito o exame para diagnosticar a presença do novo coronavírus e realizar outras tarefas de rotina para, de certa forma, “libertarem a carga dos especialistas que são responsáveis pela interpretação dos resultados”.
José Matos diz sentir um “enorme orgulho” por ver que a bolsa, divulgada na tarde deste domingo, 15 de Março, conta já com cerca de duas mil inscrições. E não foram apenas os profissionais da área que se ofereceram para prestar o seu apoio. “Até os estudantes de mestrado se mostraram disponíveis. É emocionante a disponibilidade destas pessoas.” Neste momento, acrescenta, a entreajuda é essencial, pelo que espera que a bolsa consiga “suprir quaisquer dificuldades de recursos humanos e materiais que possam existir nestes próximos tempos” e representar mais um passo importante na “luta pelo bem comum”.
Para além de organizar esta iniciativa, a Ordem dos Biólogos está a tentar contactar “os directores e presidentes das instituições para disponibilizarem, durante alguns meses, mais meios técnicos” aos laboratórios que estão a fazer os testes de diagnóstico de covid-19 e a sofrer com a sobrecarga de trabalho. O comunicado completo pode ser lido na página oficial da associação e o formulário de inscrição pode ser consultado aqui.