Coladas ao chão, transportadoras aéreas anseiam por apoios
Fim das ligações aéreas com Espanha é novo golpe para a TAP. Com cada vez menos aviões a voar, as três grandes alianças internacionais uniram-se e pediram aos governos para “avaliarem todas as formas possíveis” de apoios.
A cada dia que passa, as companhias aéreas vão ficando mais presas ao solo à medida que se avolumam os impactos da pandemia do novo coronavírus. Esta segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Von der Leyen, propôs a entrada em vigor de “restrições temporárias nas viagens não essenciais para a União Europeia por um período de 30 dias”, colocando assim mais barreiras à circulação de pessoas - e na esperança de colocar obstáculos à expansão do vírus.
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A cada dia que passa, as companhias aéreas vão ficando mais presas ao solo à medida que se avolumam os impactos da pandemia do novo coronavírus. Esta segunda-feira, a presidente da Comissão Europeia, Von der Leyen, propôs a entrada em vigor de “restrições temporárias nas viagens não essenciais para a União Europeia por um período de 30 dias”, colocando assim mais barreiras à circulação de pessoas - e na esperança de colocar obstáculos à expansão do vírus.
Em Portugal, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou a suspensão das ligações aéreas com Espanha, bem como as ferroviárias e fluviais.“A partir de hoje não teremos voos entre os aeroportos nacionais e os aeroportos espanhóis”, afirmou o ministro. Este é mais um duro golpe para a TAP, que tem nas ligações a Espanha uma das suas grandes fontes de receitas, e para onde anunciou recentemente um reforço das operações.
A rota Lisboa-Madrid (Barajas) foi a que teve maior peso entre todas no último trimestre do ano passado, com 3% dos movimentos operados nos aeroportos portugueses, sendo disputada pela TAP, Iberia, Air Europa e Easyjet.
Poucas horas antes de ser conhecido o anúncio de bloqueio a viajantes da Europa nos EUA, por parte do Presidente Donald Trump, no final da semana passada, o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, já avançara junto de analistas que havia “nuvens escuras” à frente. Depois disso, no sábado, enviou uma carta aos trabalhadores a afirmar que a actual crise “não tem paralelo” e que os “sacrifícios” não vão acabar “no momento do regresso à normalidade.
Por parte do Governo, e conforme noticiou PÚBLICO, depois de questionado sobre se está preparado para injectar capital na TAP, o Ministério das Infra-estruturas de Pedro Nuno Santos respondeu, através de fonte oficial, que está “a acompanhar a situação com muita preocupação”.
Aviões em terra
Esta segunda-feira, e após a escandinava SAS ter dito no dia anterior que ia colocar em regime de layoff cerca de 10 mil trabalhadores, o que corresponde 90% da sua força de trabalho, a Easyjet anunciou novos cancelamentos devido ao “nível sem precedentes de restrições sobre as viagens impostas pelos governos” e à “redução da procura por parte dos consumidores”.
No limite, diz a companhia, a estratégia pode passar pela “não utilização da maioria da frota”. Em comunicado, a Easyjet sublinha que a “não utilização dos aviões fará baixar significativamente os custos variáveis”, numa fase em que o importante para o sector é tentar minimizar as perdas, com contenção de custos (no caso dos trabalhadores com recurso a layoffs, licenças sem vencimento e horários reduzidos), e tentar manter alguma liquidez.
O que acontecer a seguir, destaca a transportadora britânica, “depende muito do acesso que as companhias aéreas europeias tenham à liquidez, inclusive aquela que for possibilitada pelos governos da Europa”.
Hoje, também o grupo Ryanair veio afirmar que o resultado do panorama actual será a “imobilização da maioria da sua frota em toda a Europa durante os próximos sete a dez dias”.
A IAG, dona da British Airways e da Iberia, anunciou, segundo a Reuters, que vai cortar pelo menos em 75% a capacidade nos meses de Abril e de Maio e a Air-France-KLM está a reduzir a operação em 90% e a discutir ajuda de emergência com os governos francês e holandês (seus accionistas).
A normalidade “não está no horizonte"
Não obstante as expressivas quedas em bolsa a que têm sido sujeitas nas últimas semanas, hoje voltou a ser mais um dia em que os títulos das transportadoras afundaram – tal como as bolsas.
Perante um cenário sem precedentes, o presidente executivo da Easyjet, Johan Lundgren, defendeu que "a aviação europeia enfrenta um futuro precário e está claro que será necessário apoio governamental coordenado para garantir que a indústria sobreviva e seja capaz de continuar a operar quando a crise terminar”.
Mensagens semelhantes ecoam um pouco por toda a indústria, nomeadamente nos EUA, onde as medidas em cima da mesa passam por apoios fiscais e/ou empréstimos federais, de acordo com a Reuters. O valor das ajudas pode rondar os 50 mil milhões de dólares (cerca de 45 mil milhões de euros).
O presidente da Finnair, Topi Manner, que também avançou com uma redução de 90% da oferta (e o segundo alerta ligado aos resultados financeiros) sintetizou estar agora claro que o novo coronavírus é “de longe a maior crise na história da aviação”.
Se dúvidas houvessem, um pouco usual comunicado comum das três grandes alianças internacionais - Oneworld, SkyTeam e Star Alliance, que representam quase 60 transportadoras aéreas -, hoje emitido, foi a fórmula encontrada para pedirem publicamente aos governos para “avaliarem todas as formas possíveis” de apoios.
O apelo estende-se a parceiros como os aeroportos, no sentido de estes baixarem as taxas cobradas (sendo que também os aeroportos estão em crise).
Para já, conforme afirmou uma consultora do sector, a Capa, citada pela Reuters, “a normalidade não está ainda no horizonte”.