MMA, algum futebol, pugilismo e uma meia-maratona: o desporto que continua
Nem todos os eventos desportivos foram cancelados devido ao novo coronavírus.
Não é fácil fazer a contabilidade do número de eventos desportivos cancelados devido ao novo coronavírus, mas vamos tentar. Usando o site de resultados desportivos “Flashscore”, que agrega modalidades do mundo inteiro, só neste domingo foram cancelados 872 jogos de futebol, mais 125 jogos de basquetebol, 139 jogos de hóquei no gelo, 121 jogos de voleibol e por aí fora. Mas nem todo o desporto foi cancelado. Ainda se joga futebol em muitos países, ainda se luta (literalmente) por uma qualificação olímpica em Londres, ainda se correu nas estradas no Sul de Inglaterra e os octógonos das Mixed Martial Arts continuam a funcionar.
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Não é fácil fazer a contabilidade do número de eventos desportivos cancelados devido ao novo coronavírus, mas vamos tentar. Usando o site de resultados desportivos “Flashscore”, que agrega modalidades do mundo inteiro, só neste domingo foram cancelados 872 jogos de futebol, mais 125 jogos de basquetebol, 139 jogos de hóquei no gelo, 121 jogos de voleibol e por aí fora. Mas nem todo o desporto foi cancelado. Ainda se joga futebol em muitos países, ainda se luta (literalmente) por uma qualificação olímpica em Londres, ainda se correu nas estradas no Sul de Inglaterra e os octógonos das Mixed Martial Arts continuam a funcionar.
Na Europa, que a Organização Mundial de Saúde designou como o novo epicentro da pandemia, jogou-se futebol na Bielorrússia, Crimeia, Cazaquistão, Quirguízia, Rússia, Sérvia, Turquia, Ucrânia e Uzbequistão. A Liga ucraniana, por exemplo, entrou na fase de apuramento do campeão e tem um português envolvido nesta luta, Luís Castro, treinador do Shakhtar Donetsk. Os jogos foram à porta fechada e Castro entrou nesta fase a perder, 1-0 frente ao Zorya. Sente-se nas palavras do técnico português após o jogo que o resultado era o menos importante face ao que o mundo está a passar.
“É como se fosse um teatro onde os actores actuam para uma sala vazia. É melhor cobrir o teatro por algum tempo do que experimentar isto. Nunca vou acostumar-me”, disse o experiente técnico português, apelando ao bom senso das autoridades futebolísticas do país: “É preciso tomar medidas. O futebol não é um mundo separado do resto. Se houver algum risco de ir a um museu, teatro ou cinema, então ir ao futebol também é um pouco perigoso.”
Muitos países em África e na América do Sul mantiveram os seus campeonatos activos, mas sem público na maior parte dos casos. No Brasil, jogam-se os campeonatos estaduais, e houve protestos dos jogadores em vários campos contra o não cancelamento dos jogos. No Arena do Grémio, em Porto Alegre, os jogadores da equipa da casa entraram em campo com máscaras antes do confronto com o São Luiz para o campeonato gaúcho, e treinadores e jogadores suplentes mantiveram essas máscaras postas durante todo o jogo. Renato Gaúcho, treinador do Grémio, também exigiu a suspensão de todo o futebol brasileiro: “Espero que as autoridades se liguem entre elas, usem o bom senso e parem os campeonatos. Tenho vários jogadores assustados. Com que cabeça entram eles para o futebol?”
Mais de seis mil na estrada
Entre os múltiplos eventos desportivos cancelados, contam-se duas das maiores maratonas mundiais, Boston e Londres, mas, neste domingo, foi para a estrada a meia-maratona de Bath, no Sul de Inglaterra, que teve a participação de mais de seis mil pessoas, ainda assim menos de metade dos que estavam inicialmente inscritos. Segundo Andrew Taylor, director da prova, todas as opiniões que recolheu junto de instituições de saúde pública apontavam no sentido de este ser um “evento de baixo risco, sem qualquer razão para não se realizar”. Olhando, no entanto, para o início da prova, os atletas partiram em manada, sem qualquer distância entre eles.
Ainda no Reino Unido, cumpriu-se o segundo de dez dias das qualificações europeias de boxe para os Jogos Olímpicos de Tóquio, uma competição aberta ao público no londrino Copper Box. E já que falamos de desportos de combate, as Mixed Martial Arts (MMA) continuam em actividade. O Ultimate Fighting Championship (UFC), o principal “motor” de MMA, teve um evento em Brasília no sábado, à porta fechada, e anda à procura de um recinto para uma série de combates no próximo fim-de-semana – estavam originalmente agendados para um local em Londres, mas as restrições de viagens entre os EUA e o Reino Unido esvaziaram essa possibilidade.
A UFC está agora à procura de um sítio nos EUA para realizar estes combates, sendo que está fora de hipótese acontecerem em Las Vegas (onde a UFC está sediada), porque as autoridades do Nevada suspenderam todos os desportos de combate. Ainda assim, Dana White, o todo-poderoso dono da UFC, mantém a sua decisão de não suspender a actividade e os lutadores têm instruções para estarem preparados para combater. White, conhecido apoiante de Donald Trump, diz que se aconselhou ao mais alto nível para ir contra a maré de cancelamentos no desporto mundial: “Fale com o Presidente [Trump] e com o vice-Presidente [Mike Pence] sobre isto e eles estão a levar isto muito a sério. O que eles me disseram foi: tem cuidado, mas vive a tua vida e não entres em pânico.”