Sete continentes, 36 países, 12 meses: Rui deixou tudo para correr o mundo

Tinha um emprego estável em Portugal, mas decidiu ser nómada por um ano. Rui Peres quer percorrer 36 países em 12 meses — conseguirá?

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Rui Peres nasceu em Miranda do Douro, onde cresceu e “aprendeu a segunda língua oficial portuguesa, o mirandês”. Licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações e Informática, mas a escrita e as viagens sempre foram paixões que não abandonou. Aos 37 anos, achou que estava na altura de dar a volta ao mundo. “Não só por aquela coisa de cumprir um sonho antigo, um bocado impelido pelos livros que li, pelas viagens que fiz, mas também pela curiosidade e insaciabilidade, pela diversidade”, conta ao telefone com o P3.

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Rui Peres nasceu em Miranda do Douro, onde cresceu e “aprendeu a segunda língua oficial portuguesa, o mirandês”. Licenciou-se em Engenharia de Telecomunicações e Informática, mas a escrita e as viagens sempre foram paixões que não abandonou. Aos 37 anos, achou que estava na altura de dar a volta ao mundo. “Não só por aquela coisa de cumprir um sonho antigo, um bocado impelido pelos livros que li, pelas viagens que fiz, mas também pela curiosidade e insaciabilidade, pela diversidade”, conta ao telefone com o P3.

Cansado da cadeira giratória do seu escritório, decidiu fazer uma pausa na sua carreira estável e procurar aventuras. Pediu uma licença sem vencimento e começou a planear a viagem. “Foi fácil, foi só entrar na sala da direcção e pedir tempo, justificar que precisava de conhecer pessoas, lugares, culturas”, explica. 

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Rui tem 37 anos e está a viajar desde Janeiro DR

À boleia do projecto Mal Parado, Rui vai passar por 36 países no espaço de 12 meses — o objectivo é cruzar os sete continentes até à África do Sul, se tudo correr bem. Uma viagem longa não se decide de um dia para o outro, nem se paga. Para poder realizar este sonho, trabalhou durante vários anos “engordando o porquinho de porcelana” e complementou as finanças com trabalhos de freelancer na área do copywriting.

Se foi fácil conseguir uma licença do trabalho, o mesmo não aconteceu ao pedir um tempo à família. “Essa talvez tenha sido uma das minhas maiores dificuldades. É um bocado complicado explicar às pessoas esta necessidade de ir, este excesso de nomadismo, sobretudo para quem não a sente. É um impulso interior bastante forte, a curiosidade que só é saciada com o tocar, ver, estar e falar”, confessa Rui. Os pais acharam que era “demasiado tempo”, mas depois mostrar os planos bem organizados tudo melhorou.

Sozinho, mas sempre acompanhado

Para delinear a rota, teve de refazer a lista de países algumas vezes. Organizou o percurso de forma a seguir o sol o máximo de tempo possível, por isso o ponto de partida, em Janeiro, foi a Argentina, coincidindo assim com o Verão do hemisfério sul. Neste momento está no Chile, segue-se o Equador. 

Não está preocupado com o amanhã. Nem com a solidão — “acordo sozinho, mas deito-me com muita gente”, brinca Rui. Viajar sozinho dá-lhe uma liberdade total para conhecer tudo e todos os que o rodeiam. E, até agora, encontrou muita bondade e solidariedade nos outros. Na Argentina, por exemplo, um completo desconhecido “gastou” três horas do seu dia para o ajudar com um problema no aluguer de um barco. São estas coisas que marcam a sua viagem. “Ao longo do dia é como se fosses coleccionando momentos e pessoas e acabas o dia cheio.”

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Glaciar Perito Moreno, Argentina.

Um momento que guarda foi a passagem no Estreito de Magalhães, onde viu pela primeira vez toninhas-de-dall. E ainda quando, na Antárctida, conheceu Amyr Klink, escritor e navegador brasileiro. Foi uma “transfusão de sonhos”, classificou no seu Instagram, onde partilha todas as suas experiências.

Não há um dia igual ao outro, mas mesmo assim Rui tenta conservar alguma rotina para “ajudar a manter o foco” – deita-se e levanta-se cedo, reserva algumas horas por dia para ler e escrever e tem refeições a horas certas. “Claro que não é um horário de trabalho, não tenho de picar ponto, mas sinto-me bem se cumprir. Tento adaptar a minha rotina para estar o mais feliz possível.

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No horizonte pode estar um documentário sobre a viagem, até porque se faz acompanhar por um drone e uma câmara. Terá é de ser “genuíno”: “Não me interessa muito tirar fotos bonitas, interessa-me fazer o melhor possível, mais captar o que é.” Depois, quem sabe. Tanto pode apostar na produção de vídeos, como regressar à engenharia ou até criar uma startup relacionada com turismo e viagens. O mais importante é, reforça, “não nos mentirmos a nós próprios” — só depois se pode decidir onde deixar “a marca do copo”.