Cantora Rokia Traoré está detida em França e iniciou greve de fome
A artista maliana foi presa ao abrigo de um mandado de captura emitido pela justiça belga. Em causa está um litígio sobre a custódia da sua filha.
A cantora e guitarrista maliana Rokia Traoré está em greve de fome desde a passada terça-feira, dia em que deu entrada no estabelecimento prisional de Fleury-Mérogis, nos arredores de Paris. A artista foi detida ao abrigo de um mandado de captura europeu emitido por um juiz belga. Em causa está o litígio que mantém com um ex-companheiro sobre a custódia da filha de quatro anos que têm em comum.
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A cantora e guitarrista maliana Rokia Traoré está em greve de fome desde a passada terça-feira, dia em que deu entrada no estabelecimento prisional de Fleury-Mérogis, nos arredores de Paris. A artista foi detida ao abrigo de um mandado de captura europeu emitido por um juiz belga. Em causa está o litígio que mantém com um ex-companheiro sobre a custódia da filha de quatro anos que têm em comum.
Reconhecida activista, nomeada em 2016 embaixadora da Boa Vontade pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Rokia Traoré foi presa à saída de um avião proveniente de Bamako no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, onde deveria apanhar novo voo em direcção a Bruxelas para ali se apresentar em tribunal, conta o jornal Le Monde.
De acordo com Radio France International, o tribunal de primeira instância de Bruxelas onde corre a acção decidiu confiar “a guarda exclusiva” da menor ao seu pai, sentença que a cantora contestou “desde a primeira hora”, diz o seu advogado, Kenneth Feliho. Rokia Traoré acusa o seu ex-companheiro de ter mantido contactos sexuais com a criança (a artista apresentou mesmo queixa formal tanto no Mali como em França), razão pela qual recusa cumprir a ordem do tribunal; Jan Goosens, o pai, acusa por sua vez a cantora de ter posto em marcha uma ofensiva mediática para destruir a sua reputação, segundo o Le Monde.
“Iniciei uma greve de fome (...) para que me seja garantido um processo equitativo na Bélgica e para que o mandado de captura europeu não me seja injustamente aplicado”, explica a artista numa mensagem publicada na sua conta de Facebook, insurgindo-se contra o facto de a justiça belga ter transformado a sua recusa de apresentar a filha, que continua no Mali, numa acusação de "sequestro, tomada de reféns e rapto”. A moldura penal prevista na Bélgica para estes crimes vai até cinco anos de prisão.
O destino de Rokia Traoré será decidido na próxima quarta-feira, dia 18, altura em que o pedido de extradição emitido pelas autoridades belgas será analisado. Entretanto, o Collectif des Mères veilleuses (Mères monoparentales de Belgique) pôs a correr uma petição, já subscrita por mais de 13 mil pessoas, que exige a “libertação imediata” da artista, denunciando a “irregularidade dos procedimentos” de que foi alvo e “as disfunções da justiça belga em relação às mães monoparentais" – e uma nova hashtag, #FreeRokia, vai fazendo o seu caminho nas redes sociais.