Coronavírus: Portugal está “numa tendência crescente, mas não há crescimento exponencial”
A evolução da epidemia “levará a que sejam tomadas medidas a cada a cada hora, a cada dia”, afirmou Graça Freitas.
Portugal está “numa tendência crescente, mas não há crescimento exponencial” de casos de infecção do novo coronavírus, afirmou esta quinta-feira a directora-geral da Saúde Graça Freitas, numa conferência conjunta com o secretário de Estado da Saúde Pedro Lacerda Sales. Segundo o último relatório, existem 78 casos positivos, 69 dos quais internados.
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Portugal está “numa tendência crescente, mas não há crescimento exponencial” de casos de infecção do novo coronavírus, afirmou esta quinta-feira a directora-geral da Saúde Graça Freitas, numa conferência conjunta com o secretário de Estado da Saúde Pedro Lacerda Sales. Segundo o último relatório, existem 78 casos positivos, 69 dos quais internados.
A evolução da epidemia “levará a que sejam tomadas medidas a cada a cada hora, a cada dia”, afirmou Graça Freitas. A propósito do número de camas de cuidados intensivos, o secretário de Estado especificou que irão “criar um número de camas disponíveis para casos de covid-19”, de forma a responder ao aumento de casos.
António Lacerda Sales aproveitou o momento para destacar o facto de Portugal ter registado “o primeiro caso de recuperação de um doente infectado, o que é um sinal de esperança para todos os que temem pela saúde dos seus familiares”. “Clinicamente bem”, sem sintomas e dois testes negativos, o paciente “é considerado recuperado”, disse a directora-geral da Saúde. O doente, que estava internado no Hospital São João — apurou o PÚBLICO —, “vai continuar a ser acompanhado”.
A maioria dos casos de doença são no Norte e o Hospital de São João é um hospital de referência. Ontem, a unidade suspendeu toda a actividade clínica não urgente — consultas, cirurgias, sessões de hospital de dia e exames que não coloquem em risco de vida o doente — até ao final do mês. Todos os profissionais têm de medir a temperatura no início e fim de cada turno. “O Hospital de São João está desde o primeiro dia a receber doentes. Se está sob pressão, é preciso reorganizar os serviços. É uma decisão de gestão bem tomada”, disse Graça Freitas.
Mas isto não quer dizer que todas as unidades de saúde façam agora alterações no seu funcionamento. “Depende se estão sob pressão ou não. Há outros hospitais que não estão nesse patamar. Não antecipemos as medidas, tomemos só as que são precisas tomar. No que se pode manter rotina, deve manter-se. É como na gripe, em que se abrem e fecham camas de acordo com a taxa de ataque.”
Por enquanto, cumpre-se o protocolo que foi estabelecido no início da epidemia de encaminhamento de todos os casos da doença para os hospitais de referência. “Este protocolo é aplicado a qualquer cidadão, onde quer que esteja”, disse Graça Freitas, quando questionada sobre o procedimento em prática nos hospitais privados.
Na segunda-feira, a Direcção-Geral da Saúde alterou os critérios de definição de caso e passaram a ser testados os pacientes com pneumonia sem origem conhecida. No Hospital de Santa Maria foram detectados dois doentes infectados que já estavam internados. Não são casos únicos, assumiu Graça Freitas. “São muito poucos casos, mais duas ou três situações do mesmo género. São no Hospital de Santa Maria e na região norte”. Em Santa Maria, até ao meio do dia de ontem, foram testados dezenas de profissionais. Dos 77 resultados conhecidos, todos deram negativo, apurou o PÚBLICO.
Profissionais de quarentena
Existem também já profissionais de saúde de quarentena. Segundo o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, mais de 100 médicos estão em quarentena por contacto com doentes infectados ou suspeitos. “Não poderei dizer em detalhe [o número de médicos em quarentena] mas ultrapassará a centena neste momento”, afirmou à Lusa Jorge Roque da Cunha, que também está em isolamento.
"O facto de a médica ter testado positivo na nossa unidade de saúde fez com que o delegado de saúde decretasse a quarentena de todos os profissionais de saúde durante 14 dias e naturalmente como trabalhador do Serviço Nacional de Saúde de primeira linha irei cumprir essa obrigação”, referiu, lamentando “mais uma vez” os atrasos da Linha de Apoio Médico.
“Há sempre absentismo profissional. É uma questão de gestão de forma a compensar situações dependendo da quantidade dos profissionais que estão fora”, disse Graça Freitas, na conferência de imprensa. Quanto à possibilidade de limitar férias, a responsável referiu que “é um mecanismo possível” que não pode ser descartado.