Chama-se “El Mencho” e é o novo inimigo n.º 1 da América
Nemesio Oseguera tinha um objectivo na vida, ser tão poderoso como “El Chapo” ou Pablo Escobar. Tem um rasto de morte atrás de si, mas é um fantasma. Os EUA querem apanhá-lo.
Nemesio Oseguera chegou ao topo da sua carreira de criminoso. Esta semana, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos elevou-a ao estatuto de criminoso mais procurado, como já tinha feito com “El Chapo” Guzmán e Pablo Escobar. Oseguera é o chefe do Cartel Jalisco Nova Geração e são oferecidos dez milhões de dólares por uma pista que leve à sua captura.
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Nemesio Oseguera chegou ao topo da sua carreira de criminoso. Esta semana, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos elevou-a ao estatuto de criminoso mais procurado, como já tinha feito com “El Chapo” Guzmán e Pablo Escobar. Oseguera é o chefe do Cartel Jalisco Nova Geração e são oferecidos dez milhões de dólares por uma pista que leve à sua captura.
A agência norte-americana de luta contra o tráfico de droga abriu uma guerra ao cartel e, segundo os media mexicanos, prendeu centenas de membros - 200 só na quarta-feira passada.
O que perguntam também é porque razão a Drug Enforcement Administration, a agência de combate ao tráfico de droga americana, só agora virou o foco para Oseguera , conhecido como “El Mencho”, que tem 54 anos e há 30 se dedica a traficar, e quando se sabe dirige o cartel desde que este era apenas um embrião, em 2000, tendo-o transformado num polvo cujos tentáculos já chegam a todos os estados mexicanos e a muitas cidades mexicanas?
Em Agosto do ano passado, por exemplo, a Univision noticiava que “El Mencho”, “líder de um dos cartéis mais influentes do México”, foi responsável pelo massacre de 14 polícias. Dava notas biográficas sobre o criminoso dizendo que, preso “El Chapo” nos Estados Unidos, onde foi condenado a prisão perpétua, Oseguera queria assumir o seu lugar de chefe e de lenda.
"Para provar o seu poder mostrou-se capaz dos actos mais grotescos. Membros do cartel de ‘El Mencho' equiparam-se com veículos blindados e, altamente armados, fizeram uma emboscada e chacinaram pelo menos 14 polícias mexicanos e deixaram feridos mais nove”, escreveu o site ZAP.aeiou, rematando: “Pode parecer uma cena retirada de uma série da Netflix, mas não é”.
Perante o massacre, o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, admitiu que o seu esforço para travar o narcotráfico e a violência associada não estava a resultar. “Não podemos combater fogo com fogo. Não podemos combater violência com violência. Temos de combater o mal fazendo o bem”, disse.
Horas depois, o cartel matou mais uma dúzia de polícias.
Nemesio Oseguera nasceu em Michoacán en 1966, e esteve preso na Califórnia, por tráfico de heroína, entre o final da década de 1980 e o início dos anos 90. Finda a pena, foi deportado e o México a que voltou, diz a edição para a América Latina do El País, estava “de pernas para o ar”. Os assassínios multiplicavam-se, o narcotráfico estava intimamente ligado ao poder, os cartéis estavam em guerra, entre eles o de “El Chapo”, e em 1993 o cardeal Juan Jesús Posadas foi assassinado no aeroporto de Guadalajara. Um crime atribuído à guerra entre “El Chapo” Guzmán e aliados de outro cartel, o de Arellano Félix, de Tijuana. Em Junho desse ano, as autoridades mexicanas prenderam Joaquim “El Chapo” Guzmán pela primeira vez, mas nunca se soube quem matou o cardeal.
“El Chapo” disse que o cardeal foi morto porque o confundiram com ele. Os rivais disseram que foi “El Chapo” quem confundiu um rival que queria matar com o cardeal. “A guerra entre Guzmán e Félix foi uma das primeiras batalhas modernas entre narcotraficantes no México”, escreve o El País.
“El Mencho” foi um dos discípulos de Ignacio Coronel, um homem de “El Chapo”. Quando o chefe foi libertado, o cartel cresceu. Oseguera casou com Rosalinda González Valencia, aliou-se aos cunhados e depois de mais uma guerra de cartéis, decidiram “voar sozinhos”. Oseguera e Los Cuinis, os cunhados, saíram do cartel de Sinaloa de Guzmán.
Entre Março e Agosto de 2012, Guadalajara foi bloqueada várias vezes na tentativa da polícia capturar os chefes do novo cartel. Em Agosto conseguiram mas, ao contrário de outras capturas da era da guerra (falhada) ao narcotráfico do Presidente Felipe Calderón (2006-2012), o criminoso não foi mostrado na televisão nem se soube para onde tinha sido levado - soube-se em 2015 que decidiram soltá-lo para evitar um banho de sangue na cidade.
Desde essa altura, “El Mencho”, de quem há poucas fotografias, é um fantasma, diz o El País. A DEA que agora o pôs no topo da lista dos mais procurados diz que a sua capacidade operacional estende-se à maior parte dos estados do México, onde fabrica a droga que envia para os Estados Unidos.
Pouco conhecido fora do México, foi indiciado por um tribunal federal de Washington, acusado de tráfico de drogas, corrupção e homicídio e a recompensa pela sua captura é de cinco milhões de dólares. Além de Rafael Caro Quintero – o idoso senhor das drogas procurado pela tortura e morte de um agente do DEA em 1985 –, Oseguera é o inimigo público número um. “Antes, era o ‘Chapo’. Agora, é o ‘Mencho'”, como disse em 2017 uma fonte da DEA ouvida pela Rolling Stone no artigo “Rastro de morte deixado pelo chefe do cartel mais violento da actualidade não para de crescer”.