Coronavírus: como viver a fé e a Quaresma em casa
As missas podem continuar a ser acompanhadas através da Internet, rádio e televisão — “um convite à oração em família”.
Esta sexta-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decretou a suspensão das missas comunitárias, catequeses e outros actos de culto até que esteja superada a situação de alerta do novo coronavírus. Os sacerdotes sugerem alternativas à missa de domingo e apontam este isolamento como uma oportunidade de “viver uma Quaresma mais verdadeira”.
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Esta sexta-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) decretou a suspensão das missas comunitárias, catequeses e outros actos de culto até que esteja superada a situação de alerta do novo coronavírus. Os sacerdotes sugerem alternativas à missa de domingo e apontam este isolamento como uma oportunidade de “viver uma Quaresma mais verdadeira”.
“Não há comunhão nem confissões”, explica o padre Manuel Barbosa, porta-voz da Conferência Episcopal Portugal (CEP). Quanto a casamentos e baptizados, estes devem ser adiados, sendo que “cada diocese tem uma certa autonomia”. O porta-voz da CEP sugere que os funerais devem ser realizados “com um número reduzido de pessoas, apenas a família mais próxima”.
Como assistir à missa?
As celebrações públicas das missas foram suspensas, mas, explica o padre Manuel Barbosa, os sacerdotes e os bispos devem continuar “privadamente a celebrar”. Assim, a CEP sugere às famílias que acompanhem a eucaristia através da rádio, televisão e Internet. “É um convite à oração em família”, salienta o porta-voz da CEP.
Para celebrar a missa em casa, explica o director do secretariado nacional da Rede Mundial de Oração do Papa, António Valério, o crente deve “sentar-se e assistir serenamente como se estivesse na igreja”. O jesuíta aconselha ainda que se responda e cante os cânticos a olhar para a televisão ou transmissão online.
António Valério sugere também acompanhar as redes sociais da diocese ou paróquia, já que serão muitas as que vão transmitir em directo a eucaristia. Por exemplo, a Paróquia de Nossa Senhora do Amparo e a Igreja de Santo António, em Lisboa, vão transmitir a missa em directo, assim como o Seminário Maior, em Coimbra. Em Braga, onde a Semana Santa foi suspensa, será transmitida diariamente a eucaristia a partir do Paço Arquiepiscopal.
Depois da missa, o Convento de São Domingos, em Lisboa, vai disponibilizar a homília na sua página de Facebook. “É um sinal de ligação com a comunidade”, explicar o director do convento, Filipe Rodrigues. Na missa conventual, durante período de alerta, uma das intenções da eucaristia será o coronavírus, acrescenta.
A Rádio Renascença passa também a transmitir missa diária, às 12h, a partir da capela do grupo, em Lisboa. A missa dominical mantém-se às 11h. A RTP e a TVI também transmitem a eucaristia todos os domingos, às 10h30 e 11h, respectivamente — o que se deverá manter. O Santuário de Fátima também se comprometeu a manter o streaming diário das missas.
E quanto à comunhão?
Durante este período de suspensão das eucaristias públicas, também não será possível comungar. Se estiver a assistir à missa em directo, no momento da comunhão, deve aproveitar para reflectir. “É uma comunhão espiritual e de desejo, como aliás deve ser sempre”, sublinha Filipe Rodrigues.
Como viver a quaresma?
O padre Manuel Barbosa sugere que a oração em casa deve ser sempre baseada na “palavra de Deus, que é o mais importante”. Já o secretário nacional do Apostolado de Oração, António Valério, aconselha “celebrações que se consigam fazer em casa”.
A Rede Mundial de Oração do Papa disponibiliza para isso duas aplicações para smartphones: o Click to Pray (com pequenas orações para vários momentos do dia) e o Passo a Rezar (com um podcast diário de oração e reflexão). Está também a preparar algumas propostas para a Semana Santa. “Aconselho a estarem atentos às redes oficiais do Apostolado da Oração”, adianta António Valério.
A Companhia de Jesus também está a preparar algumas novidades de acompanhamento espiritual para esta altura de quarentena e de Quaresma. Frei Filipe Rodrigues garante que esta é uma oportunidade para “aproveitar uma Quaresma mais verdadeira, fazer aquilo que é impossível normalmente”.
Texto editado por Bárbara Wong