O caminho para Tóquio está cada vez mais difícil

Muitas provas de qualificação olímpica estão suspensas por causa do novo coronavírus.

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Os Jogos Olímpicos de Tóquio abrem a 24 de Julho Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

Qualquer lista de eventos desportivos suspensos pelo novo coronavírus corre o risco de perder actualidade de um momento para o outro. Se os Jogos Olímpicos de Tóquio do próximo Verão, até ver, continuam no calendário, o mesmo não se pode dizer das provas que servem de qualificação para muitas modalidades, espalhadas um pouco por todo o mundo, suspensas sem nova data, canceladas ou remarcadas. É todo “um quadro de grande indefinição”, como refere ao PÚBLICO José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), com implicações, não só na questão da qualificação, mas também na preparação dos atletas, e inclusive, em todo o processo de controlos antidoping fora de competição.

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Qualquer lista de eventos desportivos suspensos pelo novo coronavírus corre o risco de perder actualidade de um momento para o outro. Se os Jogos Olímpicos de Tóquio do próximo Verão, até ver, continuam no calendário, o mesmo não se pode dizer das provas que servem de qualificação para muitas modalidades, espalhadas um pouco por todo o mundo, suspensas sem nova data, canceladas ou remarcadas. É todo “um quadro de grande indefinição”, como refere ao PÚBLICO José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), com implicações, não só na questão da qualificação, mas também na preparação dos atletas, e inclusive, em todo o processo de controlos antidoping fora de competição.

A partir de 24 de Julho, serão 339 eventos em 50 disciplinas de 33 desportos, para um total de mais de dez mil atletas de todo o mundo que, em princípio, competirão em Tóquio. Mas, por enquanto, só o ciclismo de estrada e de pista, o hóquei em campo e todas as provas equestres têm as qualificações fechadas. Todas as outras modalidades têm algum aspecto pendente no que diz respeito ao apuramento e todos estes adiamentos podem ser prolongados, dependendo de como correr o combate global ao novo coronavírus.

“O Comité Olímpico Internacional pediu alguma flexibilidade às federações internacionais no encontrar de soluções alternativas, mas, em bom rigor, ninguém pode garantir no imediato quais são essas soluções, em termos práticos, quando essas competições se vão realizar. Pode também acontecer que os actuais modelos de apuramento sejam alterados. Em tese, pode acontecer um apuramento de natureza mais administrativa. Não é nada que não tenhamos já equacionado, a possibilidade de não haver tempo”, alerta o presidente do COP, ainda com o pressuposto de que “os Jogos vão mesmo acontecer”.

Sem garantias

O discurso oficial, tanto da parte do COI, como da organização japonesa, é de que os Jogos não serão cancelados, mas o líder do olimpismo português diz que ninguém pode ter certezas absolutas. “As informações oficiais vão no sentido de que se vão fazer, as oficiosas também. A orientação geral é de que é para fazer. Mas creio que, em bom rigor, ninguém pode garantir com segurança que isto vai para a frente”, alerta Constantino, que vai reunir na próxima semana com a Comissão de Atletas Olímpicos para avaliar de uma forma global o impacto de todas estas restrições na preparação dos atletas portugueses

Os métodos de qualificação são diversos, apenas por marcas obtidas (como é o caso do atletismo), ou por torneios de qualificação (como acontece no futebol), ou ainda por rankings (como acontece no judo), mas nenhum deles foge aos efeitos do novo coronavírus. O futebol masculino, por exemplo, ainda tem as duas vagas da CONCACAF (América do Norte, Central e Caraíbas) por atribuir, mas o torneio, que devia começar daqui a uma semana, foi adiado por 30 dias.

No que diz respeito ao atletismo, cuja qualificação fecha a 29 de Junho, quanto menos provas houver para conseguir marcas, pior – apenas seis atletas portugueses têm, para já, resultados para estar em Tóquio (Carla Salomé Rocha, João Vieira, Evelise Veiga, Pedro Pichardo, Patrícia Mamona e Patrícia Ribeiro).

Os rankings do judo, por seu lado, fecham a 30 de Junho, mas todas as provas pontuáveis para a classificação até ao final de Abril foram canceladas, incluindo o Europeu de Praga – adiado para 19 e 21 de Junho. Se os rankings fechassem hoje, Portugal teria oito judocas a competir no país do judo, dois homens (Anti Egutidze e Jorge Fonseca) e seis mulheres (Catarina Costa, Joana Ramos, Telma Monteiro, Bárbara Timo, Patrícia Sampaio e Rochelle Nunes).

No caso do andebol, ainda há seis vagas para atribuir, tanto no torneio masculino, como no feminino. O que mais interessa às cores portuguesas, neste caso é o torneio masculino. O brilhante desempenho no último Europeu colocou a selecção portuguesa no torneio de apuramento olímpico com França, Croácia e Tunísia. O torneio estava agendado para Abril, em Paris, mas foi adiado para Junho.

O boxe continua

Há, no entanto, um evento de qualificação olímpica que sobrevive no meio dos cancelamentos/adiamentos/suspensões, com atletas de toda a Europa e no meio de um dos países do velho continente mais afectados pela doença. A partir deste sábado e durante dez dias, Londres recebe um torneio de qualificação europeia de boxe, com cerca de 350 atletas de 50 países a lutarem por vagas nos Jogos.

Tal como tem acontecido em outros desportos, os pugilistas foram aconselhados a não cumprimentar ninguém, mas, quando chegarem ao ringue, vão poder tocar na cara no adversário com luvas. E toda a força que tiverem nos braços.