Foi na Dinamarca, num dia de Março de 2006, que Eva nasceu. E nasceu já aos 34 anos, como fotógrafa, e assente em premissas de enunciação simples como “Eva é livre, não precisa de nenhum tipo de validação externa”. Cristina Branco encontrava-se num “momento conturbado da sua vida”, daqueles instantes em que lhe apetecia fugir da sua vida e ser, talvez, outra pessoa, tendo então criado este alter ego que lhe permitia a evasão — nem que fosse no espaço limitado de uma folha de papel e na sua imaginação. Tinha acabado de chegar da Rússia, ia fotografar o Transiberiano pouco depois, em seguida partiria para um concerto em Paris, de onde apanharia um voo para a Namíbia, para depois voltar brevemente a casa, em Portugal, embarcando daí para o Japão. “Basta olhar para esses factos, nem era preciso ler a biografia da Eva Haussman, e percebe-se que a vida era muito complicada naquela altura”, recorda. “Tinha muito trabalho, um filho muito pequeno e era tudo muito difícil. Tinha acabado de sair de um divórcio, continuava a trabalhar com essa pessoa, [de quem se separara], estava sempre doente, o meu filho longe de mim e na mesma a ter de cantar e dar tudo às pessoas.”
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