Trump “fecha portas” à Europa e arrasta mercados para perdas acima de 5%

Proibição de viagem de europeus para os Estados Unidos lança o caos nas bolsas. Companhias de aviação estão entre as acções mais penalizadas. Bolsa de Lisboa afunda para mínimos desde 1996.

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As acções da Air France KLM estavam a cair 15% esta manhã Reuters/REGIS DUVIGNAU

Depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter classificado oficialmente a covid-19 como uma pandemia, veio de Washington a “bomba” que arrastou as bolsas europeias nesta manhã de quinta-feira e que promete continuar a causar estragos nos próximos dias.

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Depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter classificado oficialmente a covid-19 como uma pandemia, veio de Washington a “bomba” que arrastou as bolsas europeias nesta manhã de quinta-feira e que promete continuar a causar estragos nos próximos dias.

A proibição, anunciada por Donald Trump, de entrada nos Estados Unidos de viajantes europeus – com excepção daqueles oriundos do Reino Unido – por 30 dias, é a promessa de ainda maiores estragos económicos num cenário já negro para as economias mundiais.

Apesar de ter anunciado a proibição, o presidente dos Estados Unidos ainda não revelou com que medidas tentará a Casa Branca combater os efeitos da pandemia, o que contribui para agravar o pessimismo dos investidores.

A isto soma-se também a expectativa de que grandes eventos, que movimentam significativas quantias de dinheiro, como o campeonato europeu de futebol e os Jogos Olímpicos, venham a ser cancelados.

Depois dos fechos negativos das bolsas norte-americanas (o Dow Jones fechou a cair 5,86%, enquanto o Nasdaq e o S&P 500 recuaram perto de 5%) e asiáticas (o índice de referência japonês Nikkei fechou a cair 4%), as principais praças europeias voltaram a abrir em queda acentuada, com os maiores índices europeus a registarem quedas próximas dos 6%.

Era assim em Milão, Londres, Frankfurt, Madrid, Paris e Lisboa. O índice de referência português PSI 20 chegou a perder mais de 6% esta manhã. Perto das 9h30, seguia a cair 5,48%, com todas as cotadas em terreno negativo, e baixou da fasquia dos 4000 pontos pela primeira vez desde o arranque de 1996, há 24 anos. 

Destaque para o BCP, Jerónimo Martins e Sonae, títulos com perdas na casa dos 5%. Já a EDP recuava cerca de 6,62%. As acções da Galp registavam uma queda de 3,92%.

O índice pan-europeu Stoxx600 – onde figuram as principais cotadas europeias – era o reflexo do pessimismo dos investidores, com uma desvalorização também na casa dos 5%.

As principais quedas vinham do sector do turismo e da aviação. A Air France KLM, que já perdeu cerca de 60% do valor desde o início da crise do novo coronavírus na Europa, caía cerca de 15%, para mínimos de 2012.

A Lufthansa e a IAG – dona da British Airways e da Iberia – perdiam ambas 9,5%. Segundo a Reuters, as rotas transatlânticas representam entre 20% a 30% dos proveitos das transportadoras europeias que, depois do cancelamento de voos para zonas de risco, sofrem assim mais um golpe.

O operador de cruzeiros Carnival estava em mínimos de 11 anos, com uma queda de 7,8%, enquanto a plataforma de reserva de viagens Amadeus perdia 6,45%.

Petróleo segue em baixa

Além dos mercados de capitais, o petróleo mantinha também a tendência de queda dos últimos dias. Em Londres, o barril de Brent (que serve de referência para as importações portuguesas) caía mais de 5%, mantendo-se abaixo dos 34 dólares.

O braço de ferro entre sauditas e russos parece não ter fim à vista. Depois de ter anunciado que vai produzir à capacidade máxima (em torno de 12 milhões de barris diários), a Arábia Saudita prometeu reforçar a produção para alcançar os 13 milhões de barris por dia.

Os analistas antecipam já que os preços do petróleo irão manter-se na casa dos 30 dólares por vários meses.

Olhos postos no BCE

As atenções vão também estar concentradas esta quinta-feira na reunião do Banco Central Europeu (BCE), agendada para o final da manhã, e para as medidas que a instituição liderada por Christine Lagarde poderá anunciar para combater os efeitos da crise nas economias da Zona Euro, incluindo uma eventual descida das taxas de juro de depósito.

Ontem, o Banco de Inglaterra anunciou um corte de 0,25% nas taxas de juro de forma a ajudar a economia britânica a enfrentar os efeitos da pandemia.