Conselho de Arbitragem investigado por suspeitas de corrupção e falsificação de documentos
Ex-árbitro Jorge Ferreira fez denúncia contra órgão federativo, denunciando pressões para beneficiar os clubes com mais poder. PGR confirma ao PÚBLICO abertura de inquérito.
O Ministério Público está a investigar o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), confirmou o PÚBLICO junto da Procuradoria-Geral da República (PGR). A mesma fonte confirmou que foi aberto um inquérito, sujeito a segredo de justiça, que se encontra a ser investigado no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
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O Ministério Público está a investigar o Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), confirmou o PÚBLICO junto da Procuradoria-Geral da República (PGR). A mesma fonte confirmou que foi aberto um inquérito, sujeito a segredo de justiça, que se encontra a ser investigado no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
A notícia foi avançada pela RTP, que adiantou que as investigações tiveram início numa queixa feita pelo ex-árbitro Jorge Ferreira. O antigo profissional de arbitragem revelou ter sido o autor das informações enviadas às autoridades. Em causa estão alegados crimes de corrupção e falsificação de documentos. O árbitro garantiu ainda, em entrevista ao mesmo canal, que sofreu pressões para beneficiar os clubes com maior poder.
“Já fui ouvido e a Polícia Judiciária (PJ) arrolou várias testemunhas. [Falei] das ilegalidades que o CA tem efectuado. Essencialmente dois tipos: corrupção e falsificação de documentos. As provas que tenho foram entregues à PJ. O Conselho de Arbitragem quer agradar aos árbitros e aos clubes, aos que têm poder. Os três grandes, essencialmente”, afirmou o árbitro.
Jorge Ferreira diz que as pressões para beneficiar os “três grandes” eram feitas pelos dirigentes deste órgão de arbitragem. “Pode ser feito através de um telefonema ou pessoalmente. Dizem-nos: ‘Tu estás bem, vais fazer um jogo, prepara-te. Olha que eles já estão a falar muito'”, exemplifica, acrescentando que a pressão que existia sobre os juízes “dependia da tabela" classificativa. "Isso hoje continua a acontecer”, garante.
O CA não faz, para já, comentários sobre esta investigação, apurou o PÚBLICO junto de fonte da entidade.
No final da temporada 2016-17, o árbitro Jorge Ferreira foi despromovido à segunda categoria (C2), decisão que contestou, alegando existirem incompatibilidades no processo de classificação. Um dos avaliadores naquela época, Paulo Costa, é irmão de Rui Costa, árbitro de primeira categoria (C1). Esta ligação familiar foi denunciada pelo árbitro, obrigando o CA a fazer uma nova classificação, sem ter em conta as avaliações de Paulo Costa. A nova lista mantinha Jorge Ferreira em posição de despromoção e o profissional de arbitragem decidiu recorrer desta segunda avaliação.
O Conselho de Justiça (CJ) da FPF deu provimento ao recurso do árbitro, anulando a sua exclusão do quadro de juízes da segunda categoria. Contudo, Jorge Ferreira não voltou a ser integrado na segunda categoria, entrando com nova acção contra o CA. O CJ considerou terem existido ilegalidades na despromoção do juiz à categoria C3.