Porque a Wikipédia precisa de mulheres, há uma maratona de edição no Porto
Mulheres do mundo inteiro juntam-se para criar páginas da Wikipédia em maratonas de edição. Depois de Lisboa, está marcada uma edit-a-thon para o Porto.
As maratonas de edição da Wikipédia já não são novidade. Em pleno mês de Dia da Mulher, a edit-a-thon (ou “editatona”) Arte e Feminismo decidiu associar-se ao Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) e à Wikipédia Portugal para a realização de uma sessão com um objectivo: aumentar a representação das mulheres na Wikipédia. A formação estava inicialmente marcada para 15 de Março, mas devido ao surto do novo coronavírus foi adiada para data a anunciar.
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As maratonas de edição da Wikipédia já não são novidade. Em pleno mês de Dia da Mulher, a edit-a-thon (ou “editatona”) Arte e Feminismo decidiu associar-se ao Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) e à Wikipédia Portugal para a realização de uma sessão com um objectivo: aumentar a representação das mulheres na Wikipédia. A formação estava inicialmente marcada para 15 de Março, mas devido ao surto do novo coronavírus foi adiada para data a anunciar.
Vale a pena olhar para os números. Em 2010, o Instituto Maastricht de Pesquisa Económica e Social em Inovação e Tecnologia da Universidade das Nações Unidas (UNU-MERIT) divulgou um resumo da pesquisa desenvolvida sobre a Wikipédia a nível global. De acordo com o estudo, o número de artigos sobre mulheres é consideravelmente inferior ao número de artigos sobre homens e apenas 12,7% dos editores da plataforma se identificam como mulheres. Outras análises foram realizadas ao longo dos anos, colocando a participação das mulheres enquanto editoras entre os 8,5% e os 16%.
Para tentar combater esta disparidade, a Fundação Wikimedia tem lançado apelos mundiais para o aumento da colaboração feminina. Nos últimos anos, têm sido organizadas edit-a-thons – maratonas de edição – pelo mundo inteiro; estes eventos contam com o apoio da Fundação, tanto a nível financeiro e tecnológico como a nível intelectual (com a indicação de mentores). A Arte e Feminismo nasceu neste contexto: é uma maratona mundial de edição que decorre periodicamente desde 2014.
Os promotores desta formação gratuita, com a duração de três horas, prometem “familiarizar” todos os interessados com a edição na plataforma, explica Sofia Ponte, da organização, ao P3. Construir artigos de raiz não é a única forma de contribuir, relembra; pode-se melhorar artigos, actualizá-los ou traduzi-los. Quem quiser criar páginas novas, deve fazê-lo da “maneira mais ampla possível”: é preciso respeitar a pessoa e “escrever de acordo com os feitos que de facto demonstrou ao longo da vida”.
As inscrições para esta “editatona” podem ser feitas através do formulário ou enviando e-mail. Os formadores do evento (André Barbosa, da Wikipédia Portugal, é um deles) esperam poder trabalhar páginas partindo “de ideias que as participantes tragam”. Para já, Sofia Ponte destaca a criação de páginas para nomes como Manuela Pimentel (artista plástica), Sara & André (artistas plásticos) e Violeta Santos Moura (fotojornalista).
Em Lisboa, em pleno Dia Internacional da Mulher, também se editou a Wikipédia. Nascido numa “editatona” que decorreu no 2.º Festival Feminista de Lisboa, em Maio de 2019, o grupo Wiki Editoras Lx conseguiu juntar 25 participantes nesta sessão. Com Patricia Horrillo como instrutora e Paula Guerra como curadora, criaram páginas para Raquel Lima, Djuena Tikuna, Wasted Rita, Bety Reis, Mynda Guevara, Joana D'Arc da Silva Cavalcante e Maria Mergulhão.
Para Tila Cappelletto, uma das fundadoras, o grupo lisboeta está a chegar, por fim, a “uma espécie de consolidação da actividade”. Este ano, também se associaram à maratona Arte e Feminismo, podendo contar, assim, com o financiamento da Fundação Wikimedia. “A nossa é uma missão geral, não estamos ao serviço de nomes individuais”, afiança, ao telefone com o P3. “Deixa-nos realizadas a capacidade que temos enquanto sociedade de gerar mudança – e de ver essa mudança a acontecer. Estamos sub-representadas, quem escreve a história acaba por escrever de acordo com a sua visão narrativa.” E conclui: “Se nós não escrevermos, parece que ninguém o vai fazer.”