Vendas da Adidas levam corte de mil milhões neste trimestre
Fabricantes de calçado e vestuário desportivo estão afectados pela retracção de consumo chinês e cancelamento de eventos desportivos. Puma admite que não sabe qual será o impacto este ano
A fabricante alemão Adidas vai registar, no primeiro trimestre do actual exercício, um corte das vendas entre “800 milhões e mil milhões de euros” só no mercado chinês, prevendo ainda que o resultado operacional sofra um decréscimo entre 400 e 500 milhões de euros, anunciou hoje a empresa. O grupo, dono também, entre outras marcas, da Reebok, facturou 23,64 mil milhões de euros em 2019, segundo os dados hoje divulgados.
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A fabricante alemão Adidas vai registar, no primeiro trimestre do actual exercício, um corte das vendas entre “800 milhões e mil milhões de euros” só no mercado chinês, prevendo ainda que o resultado operacional sofra um decréscimo entre 400 e 500 milhões de euros, anunciou hoje a empresa. O grupo, dono também, entre outras marcas, da Reebok, facturou 23,64 mil milhões de euros em 2019, segundo os dados hoje divulgados.
As previsões para este ano são então de uma quebra de 10% das vendas consolidadas do grupo no primeiro trimestre do ano, incluindo o impacto da China e uma quebra de 100 milhões de euros no Japão e na Coreia do Sul e assumindo que o resto do mercado mundial cresce a uma velocidade entre 6% e 8% após efeitos cambiais.
A causa é o surto da epidemia de covid-19. E, embora reconheça que no mercado chinês a evolução da doença e a sua contenção estão a melhorar (metade das 12 mil lojas que a marca desportiva tem no território já abriram), admite também que os efeitos se estenderam, entretanto, a outros países – com redução das vendas nas unidades operacionais que tem no Japão, na Coreia do Sul e na Europa.
A rival Puma concorda que há sinais encorajadores do mercado chinês, contudo já veio alertar que não espera que o negócio volte ao seu estado “normal” tão cedo, revendo assim a sua estimativa, de 19 de Fevereiro, que o impacto da covid-19 teria de existência breve.
“Dado o prolongar da situação na China, o impacto negativo noutros mercados asiáticos e agora o alastrar para a Europa e os EUA, temos infelizmente que concluir que não irá acontecer uma normalização a curto prazo”, comunicou a Puma.
Assim, admite a administração da Puma que o desenrolar dos acontecimentos, “nas próximas semanas e meses, é impossível de prever”. A gestão da fabricante alemã não consegue quantificar “o efeito negativo que esta situação pode ter nas receitas e lucros anuais”
O grupo alemão Adidas avisara já no final do mês passado que as suas vendas na China registaram uma queda de 85% desde o novo ano chinês, a 25 de Fevereiro – época alta de facturação para os fabricantes de artigos de luxo, mas que este ano foi completamente apagada pelo surto do novo coronavírus e das medidas extraordinárias tomadas por Pequim para o tentar conter.
Na China continental, a Adidas cancelou todos as encomendas a parceiros grossista em Fevereiro e afirmou que planeava limpar excessos de stock através dos seus próprios meios no resto do ano.
Factura pode subir
Já foram cancelados vários eventos desportivos, adiados ou jogados sem público, o que está a pesar nas contas dos maiores grupos patrocinadores de equipas e atletas individuais.
As perdas com o impacto do novo coronavírus podem, contudo, aumentar para os fabricantes de artigos de desporto, uma vez que se colocam sérias dúvidas sobre a realização de dois eventos em especial: os Jogos Olímpicos (previsto para 24 de Julho e 9 de Agosto) e Euro 2020 (sendo este mais importante em termos de vendas de merchandising ao grande público).
Se ambos os eventos forem adiados, a Adidas estima que o custo possa ascender a 70 milhões de euros, afirmou Kasper Rorsted, presidente executivo do grupo alemão, aos jornalistas, citado pela Reuters.
As acções da Adidas seguiam agora a recuar 9,35% e as da Puma ceder 2,47%. A norte-americana Nike, líder mundial do sector, que já em final de Fevereiro tinha avisado que iria sofrer impactos económicos com a expansão do coronavírus a nível global, desvalorizaram 3%.
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