Oitavo romance de Deborah Levy, autora britânica nascida em 1959 na África do Sul, O Homem Que Via Tudo é o seu terceiro livro nomeado para o Man Booker Prize. É também a terceira obra de Levy que a Relógio D’Água publica em português, depois dos ensaios autobiográficos Coisas Que Não Quero Saber e O Custo de Vida. A acção de O Homem Que Via Tudo decorre em dois cenários temporais claramente definidos: Setembro de 1988 (em Londres e em Berlim Leste, nas antevésperas da queda do Muro, vaticinada, aliás, pelo protagonista) e Junho de 2016 (de novo em Londres, no ano do referendo do Brexit). As duas partes do livro, de extensão idêntica, começam em Abbey Road, naquela passadeira que os Beatles atravessam na capa do seu álbum de estúdio homónimo. Em ambos os momentos, o protagonista e narrador, Saul Adler, é atropelado (ou quase). A precisão, temporal e espacial, com a qual Deborah Levy estrutura o romance é, porém, enganadora e se, na primeira parte do livro, a narração parece obedecer a um realismo funcional e transparente, na segunda, o narrador, não tendo chegado a atravessar Abbey Road, passou para o outro lado do espelho. A substância de O Homem Que Via Tudo torna-se ambígua e problemática e contamina retrospectivamente a fiabilidade do que nos foi contado na primeira parte.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Oitavo romance de Deborah Levy, autora britânica nascida em 1959 na África do Sul, O Homem Que Via Tudo é o seu terceiro livro nomeado para o Man Booker Prize. É também a terceira obra de Levy que a Relógio D’Água publica em português, depois dos ensaios autobiográficos Coisas Que Não Quero Saber e O Custo de Vida. A acção de O Homem Que Via Tudo decorre em dois cenários temporais claramente definidos: Setembro de 1988 (em Londres e em Berlim Leste, nas antevésperas da queda do Muro, vaticinada, aliás, pelo protagonista) e Junho de 2016 (de novo em Londres, no ano do referendo do Brexit). As duas partes do livro, de extensão idêntica, começam em Abbey Road, naquela passadeira que os Beatles atravessam na capa do seu álbum de estúdio homónimo. Em ambos os momentos, o protagonista e narrador, Saul Adler, é atropelado (ou quase). A precisão, temporal e espacial, com a qual Deborah Levy estrutura o romance é, porém, enganadora e se, na primeira parte do livro, a narração parece obedecer a um realismo funcional e transparente, na segunda, o narrador, não tendo chegado a atravessar Abbey Road, passou para o outro lado do espelho. A substância de O Homem Que Via Tudo torna-se ambígua e problemática e contamina retrospectivamente a fiabilidade do que nos foi contado na primeira parte.