Estivadores criticam “imobilismo” do Governo face à greve no porto de Lisboa

Trabalhadores do SEAL formaram esta terça-feira um piquete no terminal de Alcântara, em Lisboa, para assinalarem a paralisação total dos 350 estivadores que se prolonga até dia 30.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

O presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), António Mariano, responsabilizou esta terça-feira o Governo socialista pelo “imobilismo” face à greve total que se verifica entre os profissionais da estiva no porto de Lisboa.

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O presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), António Mariano, responsabilizou esta terça-feira o Governo socialista pelo “imobilismo” face à greve total que se verifica entre os profissionais da estiva no porto de Lisboa.

“Nós continuamos a acompanhar o imobilismo, que começa a ser um bocado cúmplice, do Governo pela falta de intervenção numa situação destas: de uma insolvência com origem em gestão danosa que as empresas promoveram aqui no porto de Lisboa para despedirem metade dos estivadores”, disse à Lusa, António Mariano.

Dezenas de trabalhadores formaram esta manhã um piquete no terminal de Alcântara, em Lisboa, para assinalarem a paralisação total dos 350 estivadores e que se vai prolongar até ao próximo dia 30.

“A greve passou a ser total em todas as sete empresas de estiva de Lisboa e está a ser cumprida a 110% porque os trabalhadores de uma empresa alternativa que foi criada também aderiram à greve. O exército de reserva do grupo empresarial turco está todo connosco”, explicou o dirigente sindical.

António Mariano recordou que na segunda-feira realizou-se uma reunião com o chefe de gabinete do ministro das Infra-estruturas em que o sindicato ouviu “a mesma formulação” que tem ouvido do ministro Pedro Nuno Santos e do primeiro-ministro António Costa “de que continuam a acompanhar o que se passa” nos portos.

“Portanto, o Governo continua a acompanhar o caos que está criado nos portos. Esta situação não é só no porto de Lisboa porque pelos efeitos de dominó está comunicada a todos os portos nacionais e com os estivadores fora de Portugal a darem o seu apoio pode ter dimensões que ainda não estão a acontecer”, explicou.

Para o SEAL, as reivindicações são as mesmas sendo que os estivadores mantêm as propostas: as empresas devem comprometer-se a pagar os salários até Junho e a reconhecer a assinatura do acordo que data de 2018 e que compreendia o aumento salarial, “que não foi não cumprido”.

Neste momento, segundo o sindicato, a greve vai prolongar-se até ao dia 30 de Março, mas tudo indica que “não havendo alterações” a paralisação pode prolongar-se, disse António Mariano, realçando a disponibilidade para contactos negociais.

“Vamos para a mesa de negociações até Junho acertar tudo aquilo que nos divide e se não houver formas entre os parceiros para o resolvermos estamos disponíveis para, em sede governamental, irmos para um processo de mediação. Já reafirmamos essa nossa posição de diálogo”, afirmou António Mariano.

A paralisação foi convocada pelo SEAL face à decisão das empresas de estiva de pedirem a insolvência da A-ETPL, Associação - Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa.

Em Lisboa a greve consiste na abstenção da prestação de trabalho em todas as empresas de estiva do porto e decorre em todos os períodos compreendidos entre o início e o final da paralisação.

Em Setúbal a greve restringe-se à prestação do trabalho sobre navios ou cargas que tenham sido desviadas do porto de Lisboa para Setúbal.

A greve que neste momento é total teve início às 08h00 do dia 9 Março e termina às 08h00 do dia 30 de Março.