Coronavírus não afecta “para já” os ratings dos países da zona euro
Agência de ratings Standard & Poor’s revê em baixa crescimento da economia da zona euro, mas está a contar com a acção dos bancos centrais e dos governos. Na sexta-feira, o rating português será avaliado.
Apesar de assinalar a existência de deterioração da conjuntura, revendo em baixa as previsões de crescimento económico, a agência de notação financeira internacional Standard & Poor’s (S&P) anunciou esta terça-feira que, “para já”, o risco de concessão de crédito dos Estados da zona euro não foi afectado pela crise. Uma opinião que, para Portugal, torna provável a manutenção do rating na avaliação que a agência irá realizar ao país esta sexta-feira.
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Apesar de assinalar a existência de deterioração da conjuntura, revendo em baixa as previsões de crescimento económico, a agência de notação financeira internacional Standard & Poor’s (S&P) anunciou esta terça-feira que, “para já”, o risco de concessão de crédito dos Estados da zona euro não foi afectado pela crise. Uma opinião que, para Portugal, torna provável a manutenção do rating na avaliação que a agência irá realizar ao país esta sexta-feira.
No comunicado agora publicado, os responsáveis da S&P começam por afirmar que “a qualidade do crédito dos soberanos da zona euro não foi, para já, afectada pelos efeitos do coronavírus”, assinalando a força relativa que as economias e as finanças públicas dos países da moeda única europeia têm e lembrando que existe a possibilidade de aplicação, quer pelo Banco Central Europeu (BCE), quer pelos Estados, de medidas que limitem o efeito económico negativo da epidemia.
Ainda assim, a S&P reconhece a existência de riscos elevados. “O cenário macroeconómico na Europa em 2020 é muito incerto e está a piorar”, diz o comunicado, anunciando uma revisão em baixa das previsões de crescimento no total da zona euro para apenas 0,5% este ano. A S&P diz que “o principal entrave ao crescimento é uma combinação da debilidade na procura externa e doméstica com uma disrupção na cadeia de distribuição” e assinala que a nova previsão de crescimento de 0,5% assume que o início da recuperação ocorrerá ainda antes do final deste ano.
A S&P está a contar com a introdução, por parte dos bancos centrais e dos governos, de medidas mitigadoras do impacto económico negativo. Do lado do BCE, aquilo que é esperado é, além de uma descida da taxa de juro de depósito de 0,1 pontos percentuais, o reforço dos empréstimos de longo prazo a taxa fixa de que beneficiam os bancos da zona euro e, talvez, a suspensão temporária dos limites às compras de dívida pública, algo que poderia beneficiar especialmente países como Portugal.
Do lado dos governos, para além de medidas de apoio aos sectores mais afectados, a S&P lembra que é possível os Estados invocarem a flexibilidade existente no Pacto de Estabilidade para tomarem mais medidas, prevendo ainda que, “dependendo a duração do choque, os Estados deverão procurar uma resposta conjunta mais proactiva”.
Para Portugal, este comunicado da S&P aumenta a probabilidade de, quando avaliar em concreto a situação do país, não seja anunciada qualquer redução do rating do país, que se encontra actualmente em BBB. No entanto, a actual deterioração da conjuntura torna também muito improvável que, apesar de em Setembro ter colocado o rating português com uma tendência “positiva”, a agência possa agora fazer subir o rating. Neste cenário, a passagem de uma tendência “positiva” para uma tendência “estável” não pode ser colocada de lado.
No calendário da S&P, a próxima avaliação ao rating português está agendada para a próxima sexta-feira.