Atalanta e RB Leipzig continuam a fazer história na Champions

Italianos eliminam Valência com póquer de Ilicic e triunfo (3-4) num Mestalla que fechou as portas aos adeptos por causa do coronavírus. Em Leipzig, houve casa cheia para nova derrota (3-0) do Tottenham de José Mourinho.

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A noite pertenceu aos novatos na Liga dos Campeões. Atalanta e RB Leipzig tornaram-se nesta terça-feira nos dois primeiros apurados para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, um feito inédito para italianos e alemães e que aconteceu às custas, respectivamente, de Valência e Tottenham. Num Mestalla vazio, a formação que veio de Bérgamo bateu os “che” por 3-4 (tinha vencido por 4-1 na primeira mão, em San Siro), enquanto os germânicos afastaram o vice-campeão europeu, orientado por José Mourinho desde Novembro do ano passado, com um triunfo caseiro (e com casa cheia) por 3-0, depois de se terem imposto (0-1) em Londres

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A noite pertenceu aos novatos na Liga dos Campeões. Atalanta e RB Leipzig tornaram-se nesta terça-feira nos dois primeiros apurados para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, um feito inédito para italianos e alemães e que aconteceu às custas, respectivamente, de Valência e Tottenham. Num Mestalla vazio, a formação que veio de Bérgamo bateu os “che” por 3-4 (tinha vencido por 4-1 na primeira mão, em San Siro), enquanto os germânicos afastaram o vice-campeão europeu, orientado por José Mourinho desde Novembro do ano passado, com um triunfo caseiro (e com casa cheia) por 3-0, depois de se terem imposto (0-1) em Londres

Pela primeira vez disputou-se um jogo de Champions à porta fechada, uma medida de prevenção motivada pelo novo coronavírus e pelo facto de o visitante ser do Norte de Itália, zona de grande propagação da doença. Sem poderem entrar no Mestalla, os adeptos juntaram-se às portas do estádio e o barulho que faziam era transmitido por altifalantes montados no recinto. Era o Valência a fazer o que podia para motivar a equipa a tentar o que parecia impossível, recuperar de um desastre sofrido na primeira mão em San Siro, casa que a Atalanta tem usado para os jogos nesta histórica caminhada europeia.

Três golos sem sofrer nenhum era o que a equipa de Celades precisava para seguir em frente, mas esses números mudaram logo aos 2’. Ilicic ganhou a linha, avançou para a baliza do Valência, acabando por ser derrubado por Diakhaby. O VAR levou poucos segundos a confirmar a falta e, da marca dos 11 metros, foi o próprio Ilicic a fazer o 0-1 para os homens de Gasperini. Nesta altura, o Valência precisava de quatro golos só para empatar a eliminatória, e aos 21’, conseguiu chegar ao empate. Um erro de Palomino na área italiana foi aproveitado da melhor maneira por Kevin Gameiro para marcar e relançar o Valência na rota do milagre.

Só que nenhuma equipa resiste a um defesa que faz dois penáltis no mesmo jogo. Aos 41’, Diakhaby voltou a comprometer, jogando a bola com o braço dentro da área. Desta vez, o VAR levou mais tempo a confirmar o castigo, mas o árbitro apontou para a marca de penálti, e Ilicic voltou a colocar a Atalanta no comando. 

Para a segunda parte, Celades retirou o “enterra” de serviço Diakhaby e lançou em campo o português Gonçalo Guedes, ainda à procura do primeiro golo da temporada. E a verdade é que o Valência não se fez de morto no jogo. Aos 51’, Gameiro fez o 2-2 após cruzamento de Ferran Torres e, aos 67’, foi o jovem médio espanhol a assinar o 3-2, com um chapéu ao guarda-redes Sportiello, que se afastou demasiado da baliza. 

Mas a Atalanta, fazendo justiça ao estatuto de melhor ataque da Série A italiana, também não se deixou ficar. Aos 71’, Ilicic fixou o 3-3 com um colocado remate à entrada da área e, aos 82’, fez o 3-4 numa concretização fácil após passe de Freuler. 

Numa noite histórica para a Atalanta (chegada aos “quartos” na sua primeira participação na Champions), Ilicic também escreveu a sua própria página de história: tornou-se no primeiro jogador da Liga dos Campeões a marcar quatro golos num jogo fora de casa numa fase a eliminar. No final do encontro, e com toda a legitimidade, o avançado de 32 anos pediu para ficar com a bola.

Spurs” com pouco para dar

Em Leipzig, não se fechou a Arena Red Bull para a segunda parte da eliminatória entre o terceiro classificado da Bundesliga e o vice-campeão europeu. José Mourinho disse que acreditava na sua equipa e que os jogadores iam dar tudo para virar a derrota da primeira mão, mas o Tottenham pouco tinha para dar. O jogo foi quase só do novato (nestas andanças) RB Leipzig e do seu jovem treinador, de 32 anos, Julian Nagelsmann, o mais novo de sempre a ultrapassar um ronda a eliminar na Champions. A diferença na eliminatória era curta, mas pareceu sempre demasiado grande para os londrinos. E, aos 21 minutos de jogo, a eliminatória já parecia mais que entregue.

Sem grande poder de fogo no ataque (Kane, Son e Bergwijn lesionados), restava ao Tottenham resistir o mais possível e tentar marcar, mas os londrinos quebraram logo aos 10’, com culpas para Hugo Lloris. Depois de um primeiro remate de Timo Werner que embateu no corpo de Eric Dier, o avançado manteve o domínio da bola, fez o passe para Sabitzer e o austríaco rematou com força — Lloris até estava bem colocado e ainda tocou na bola, mas esta entrou. E aos 21’, os mesmos protagonistas: Sabitzer a rematar e Lloris a deixar passar. Numa bola longa, Aurier falhou o corte, Angelino aproveitou, fez o cruzamento e o capitão da equipa da casa acabou a jogada com um cabeceamento certeiro, outra vez com o guardião francês a ser mal batido.

Mourinho poucas opções tinha no banco e só fez uma substituição aos 80’ — entrou Gedson Fernandes para o lugar de Lo Celso. E foram os alemães a fazer mais um, aos 87’, por Emil Forsberg, que tinha entrado segundos antes, a selar uma derrota pesada para o finalista vencido da época passada. E a prolongar o calvário de Mourinho no clube londrino — com esta derrota já são seis jogos sem ganhar, a pior série da carreira do técnico português.