Rivais de Netanyahu em negociações para formação de Governo minoritário em Israel

Os objectivos são, segundo o líder do partido Azul e Branco, Benny Gantz, “tirar Israel da lama e impedir uma quarta eleição”.

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Reuters/CORINNA KERN

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enfrenta cada vez mais desafios. Nesta segunda-feira, os seus dois principais rivais, Benny Gantz, do Partido Azul e Branco, e Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, começaram conversações para formar um governo minoritário para o tirar do poder, e o procurador-geral recusou um pedido da sua equipa legal para adiar a data do início do seu julgamento, previsto para a próxima terça-feira.

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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enfrenta cada vez mais desafios. Nesta segunda-feira, os seus dois principais rivais, Benny Gantz, do Partido Azul e Branco, e Avigdor Lieberman, do partido Israel Nossa Casa, começaram conversações para formar um governo minoritário para o tirar do poder, e o procurador-geral recusou um pedido da sua equipa legal para adiar a data do início do seu julgamento, previsto para a próxima terça-feira.

Na semana passada, as últimas eleições em Israel, as terceiras no espaço de um ano, pareceram dar uma vitória a Netanyahu, cujo partido Likud conseguiu, apesar dos problemas legais do seu líder, ser o mais votado (36 deputados contra 33 do Partido Azul e Branco). Mas à medida que os resultados iam sendo apurados, a sua vantagem diminuía e o seu bloco (que inclui os partidos religiosos) ficava cada vez mais longe dos 62 deputados necessários para uma maioria – o que abriu espaço para uma potencial coligação de políticos cuja principal motivação é afastar o primeiro-ministro do poder.

Gantz e Liberman só poderão fazê-lo se quebrarem a promessa eleitoral de contarem com o apoio da Lista Unida, composta sobretudo por partidos árabes israelitas – e implicaria por outro lado que estes apoiassem Gantz, um general que comandou uma ofensiva israelita na Faixa de Gaza, e Lieberman, um nacionalista muitas vezes anti-árabe. A Lista Unida conseguiu 15 deputados, sinal de que os árabes israelitas querem participar mais.

A formação de um governo minoritário seria um acontecimento inédito em Israel; um acordo envolvendo os partidos árabes-israelitas também nunca aconteceu. Mas a política israelita já entrou em “terra incógnita” a partir do momento em que, após o empate da primeira eleição, foi decidida uma segunda eleição, o que só se aprofundou quando foi marcada a terceira votação e ainda mais quando Netanyahu foi formalmente acusado (e não se demitiu). 

Netanyahu, que clamou vitória na noite eleitoral, disse que os seus rivais estão a tentar “roubar” a sua vitória, e prometeu que “não vai a lado nenhum”. Gantz retorquiu que “a maioria não quer Netanyahu, e é isso que vão conseguir”.

Depois de uma organização ter pedido que um deputado eleito não pudesse ser encarregado de formar governo se formalmente acusado por um crime, situação em que está Netanyahu (acusado de três crimes de corrupção e tráfico de influência), o primeiro-ministro voltou a invocar o argumento da cabala contra si e declarou que “nem no Irão” se desqualificavam políticos “depois das eleições”.

Entretanto, a segurança em torno de Benny Gantz foi aumentada depois de ter sido alvo de ameaças directas e online – um post pedia mesmo a sua morte, como a do antigo primeiro-ministro Yitzhak Rabin (assassinado por um ultra-nacionalista em 1995), e de uma tentativa de agressão no sábado.