Itália passa a segundo país com mais casos a seguir à China

Governo italiano toma medida drástica num fim-de-semana com mais 133 mortos. País já é o mais afectado do mundo a seguir à China. Espanha teve um aumento de 20% no número de casos confirmados de sábado para domingo. Comissão Europeia manda quase 50 ficarem em casa depois de dois casos infectados.

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Um agente dos carabinieri controlando uma viatura na área de Casalpusterlengo, no Norte de Itália MATTEO CORNER/EPA

No dia em que o Governo italiano resolveu colocar uma parte do seu território em isolamento, a Itália passou a ser o segundo país do mundo com o maior número de casos, ao mesmo tempo que o número de mortes por causa do coronavírus passou de 233 para 366. Em 24 horas, registou-se uma subida de 57% no número de mortos e os casos confirmados de doentes com covid-19 estão agora nos 7375, quando antes eram 5883.

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No dia em que o Governo italiano resolveu colocar uma parte do seu território em isolamento, a Itália passou a ser o segundo país do mundo com o maior número de casos, ao mesmo tempo que o número de mortes por causa do coronavírus passou de 233 para 366. Em 24 horas, registou-se uma subida de 57% no número de mortos e os casos confirmados de doentes com covid-19 estão agora nos 7375, quando antes eram 5883.

O ritmo elevado de disseminação da doença obrigou o executivo de Giuseppe Conte a medidas drásticas, colocando quase 16 milhões de pessoas (um quarto da população italiana) em quarentena, no norte do país.

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Toda a região da Lombardia (incluindo Milão, a capital económica de Itália), onde morreram já 257 pessoas (113 em apenas 24 horas), está isolada, bem como a região de Veneza, o norte da Emília-Romanha e a cidade de Rimini, bem como a província de Pésaro e Urbino e o leste do Piemonte.

A medida foi anunciada pelo primeiro-ministro italiano na madrugada deste domingo. “Estamos perante uma emergência”, uma “emergência nacional”, afirmou Giuseppe Conte, acrescentando que o decreto tem de ser aplicado rigorosamente de modo a conseguir conter a contaminação pelo coronavírus.

As pessoas que estão temporariamente nas zonas afectadas, nomeadamente os turistas, serão autorizados a regressar a casa e as fronteiras com a Áustria, Eslovénia e Suíça vão manter-se abertas. No entanto, a Alitalia suspendeu todos os seus voos nacionais e internacionais de e para o aeroporto Milão-Malpensa.

No sábado, já a informação de que o Governo se preparava para fechar parte do Norte de Itália até 3 de Abril tinha chegado ao Corriere della Sera, que deu conta da informação, levando milhares de pessoas a tentarem rumar ao Sul antes do isolamento, enchendo as estações de comboio e as auto-estradas.

Michele Emiliano, o presidente da região da Apúlia, no sul do país, chegou a pedir às pessoas que voltem para o Norte: “Saiam na primeira estação de comboios. Não apanhem aviões para Bari e Brindisi. Dêem a volta aos vossos carros, desçam dos autocarros na próxima paragem”.

“O que se passou foi que a fuga de informação levou muitas pessoas a tentarem escapar, provocando o efeito contrário daquilo que o decreto pretende conseguir”, disse o especialista em microbiologia e virologia Roberto Burioni, citado pelo Guardian. “Infelizmente alguns dos que fugiram estarão infectados com a doença”, acrescentou o professor da Universidade Vita-Salute San Raffaele, em Milão.

A decisão do Governo italiano foi, no entanto, elogiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que manifestou a sua “solidariedade” e o seu apoio. Para o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, Itália deu “passos arrojados e corajosos destinados a diminuir a disseminação do coronavírus” e a “proteger o país”. Sublinhando “os sacrifícios genuínos” que o país está a fazer para conter a epidemia.

Para o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, esta medida drástica adoptada por Itália acabará por ser seguida por outros países, resta saber quando: “Podem fechar-se escolas durante uma ou duas semanas e isto é urgentemente necessário em Itália. Irá acontecer em outros países europeus. A questão importante é saber quando o fazer.” E onde o discutir a nível europeu em segurança, porque na Bélgica já há 200 casos confirmados de covid-19, incluindo dois na Comissão Europeia – a quase meia centena das três mil pessoas que trabalham na organização das reuniões ministeriais e nas cimeiras da União Europeia foi pedido que fiquem em casa.

O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, recomendou este domingo, que todos os eventos públicos com mais de mil pessoas sejam cancelados. Embora o ministro não tenha poderes para obrigar os organizadores a fazê-lo directamente, espera que os governos dos diversos estados aceitem a recomendação.

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Quem não aceitará é a Bundesliga, que vai manter o calendário da primeira e segunda divisões de futebol inalterável. Mas Christian Seifert, director-geral da Liga Alemã de Futebol, adiantou que vai marcar uma reunião de emergências com os clubes para os próximos dias.

Em declarações à rádio francesa, o comissário da União Europeia para o mercado único, Thierry Breton, explicou que cada país europeu está a “agir em função dos últimos dados disponíveis nos seus países” e, “como o vírus se espalhou mais depressa nuns lados que noutros, naturalmente as medidas diferem de uns para outros”. A França já é o quinto país com mais casos confirmados – 1126, que resultaram em 19 mortes. Nos departamentos do Alto Reno e Esa, as escolas e os jardins infantis foram encerrados.

Também a Espanha viu uma subida acentuada de casos, com mais 173 casos de sábado para domingo, um crescimento de 20% em apenas 24 horas, passando agora um registo de 613 pessoas infectadas, das quais 17 morreram (com um aumento foi de 70%).

No Vaticano, que também já registou o seu primeiro caso confirmado, o papa Francisco, obrigado a falar aos fiéis, na sua habitual oração de domingo, através de um vídeo transmitido ao vivo pelo site Vatican News, mostrou a sua solidariedade com os infectados italianos e fora do país: “É uma oração estranha do Ângelus, com um papa enjaulado na biblioteca, mas estou a vê-los e estou próximo de vocês”.

Primeira morte na América Latina

Entretanto, um homem de 64 anos, que morreu este fim-de-semana na Argentina, tornou-se a primeira vítima mortal da epidemia na América Latina. Ao mesmo tempo que Colômbia e Costa Rica anunciavam os seus primeiros casos confirmados de coronavírus.

Ao mesmo tempo, o Irão registava este domingo o maior número de mortes em 24 horas, com 49 pessoas a não sobreviver à infecção, aumentando para 194 as mortes desde o início da epidemia (terceiro país com mais mortos).

Os Estados Unidos começaram a registar as suas primeiras vítimas na Costa Leste. Até agora, a epidemia, que já chegou a 30 estados do país, ainda não se tinha espalhado de costa a costa, mas a morte de duas pessoas na Flórida, este domingo, marca as primeiras vítimas mortais no lado oriental do país, levando Nova Iorque a decretar o estado de emergência.

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