Bolsas, juros e petróleo caem. Investidores refugiam-se no ouro e títulos soberanos
Incertezas por causa do novo coronavírus empurram investidores para activos mais seguros. Índices bolsistas parecem uma montanha russa.
Depois de uma semana mista, com dias de quedas e dias de recuperação, as bolsas mundiais estão novamente no vermelho. Os mercados parecem não gostar das sextas-feiras, porque tal como sucedeu nas duas anteriores (21 e 28 de Fevereiro), o dia 6 de Março mostra que os investidores tiram o pé do acelerador antes das pausas dos fins-de-semana. A culpa será da grande incerteza que rodeia a epidemia do novo coronavírus. Ninguém quer ser apanhado em contrapé e, por isso, muitos viram-se para os activos vistos como refúgio, como o ouro e as obrigações soberanas, o que arrasta os índices bolsistas e as taxas de juro para novos mínimos.
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Depois de uma semana mista, com dias de quedas e dias de recuperação, as bolsas mundiais estão novamente no vermelho. Os mercados parecem não gostar das sextas-feiras, porque tal como sucedeu nas duas anteriores (21 e 28 de Fevereiro), o dia 6 de Março mostra que os investidores tiram o pé do acelerador antes das pausas dos fins-de-semana. A culpa será da grande incerteza que rodeia a epidemia do novo coronavírus. Ninguém quer ser apanhado em contrapé e, por isso, muitos viram-se para os activos vistos como refúgio, como o ouro e as obrigações soberanas, o que arrasta os índices bolsistas e as taxas de juro para novos mínimos.
Lisboa, por exemplo, abriu o mercado com o PSI-20 no vermelho. Por volta das 10h, o principal índice nacional caía 2,67%, depois de na quinta-feira ter fechado com uma quebra de 2,20%, para 4858,80 pontos. A banca tem pressionado as principais bolsas europeias, que também registaram quebras na quinta-feira e que nesta sexta acentuam essa tendência: Paris, Frankfurt e Londres registavam, por volta das 10h, perdas entre os 2,33% e 3,08%, repetindo na abertura o cenário das bolsas asiáticas que entretanto já tinham fechado. Tóquio perdera 2,72% e Hong Kong desceu 2,32%.
O corte de juros histórico nos EUA, decidido pela Reserva Federal (Fed), bem como as promessas de dinheiro fresco no Japão e as garantias dos bancos centrais de apoio aos mercados tinham dado algum alento durante a semana, mas como se vê, de momento, tais compromissos só acentuaram a esquizofrenia bolsista. O índice S&P 500, por exemplo, tinha cavalgado 4,6% na segunda-feira mas, no dia seguinte, já caía 2,81%. Na quarta, voltou a subir 4,22% para, na quinta, cair de novo (-3,39%). Uma espécie de montanha russa, ao sabor das manchetes sobre a Covid-19 e dos anúncios das autoridades nacionais.
Também o petróleo está em queda, com o preço por barril a atingir um novo mínimo desde 2017. Na última sessão, o preço do barril de Brent ficou abaixo da linha dos 50 dólares (49,99 dólares ou 44.27 euros). A OPEP decidiu cortar na produção (menos 1,5 milhões de barris por dia) para tentar travar a queda e sustentar o preço, mas o corte ficou “pendurado” até que a Rússia se decida a aprovar tal medida. Espera-se que haja novidades nesta sexta-feira.
Com isto, activos como o ouro (que voltou a valorizar) e os títulos de dívida soberana (cujas taxas estão em mínimos históricos) voltam a ser o refúgio para muitos investidores. A cotação daquele metal precioso está no valor mais alto desde 2013, cotando nos 1688,90 dólares a onça (1492,11 euros), às 10h20. Ganhava 8,49% em 30 dias.
Quanto aos títulos soberanos, as obrigações dos EUA a 30 anos estão pela primeira vez abaixo dos 1,4%. A dívida a dez anos fixou-se nos 0,77%. No início do ano, esta taxa estava nos 1,9%. Toda a gente especula sobre um novo corte de juros por parte da Fed no futuro próximo.
Os investidores privilegiam sobretudo os títulos mais “defensivos”, como os da Alemanha, cujo yield baixou ligeiramente para -0,729%. Já as dívidas italiana, espanhola e portuguesa, registam ligeiros acréscimos. Os títulos portugueses estavam nos 0,327%, acima dos espanhóis, mas bem abaixo dos italianos (1,146%).