Cartas ao director

Até onde irá este pesadelo?

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Até onde irá este pesadelo?

A epidemia vem ganhando contornos de pandemia. A estirpe deste novo vírus continua a alastrar. Verdadeiramente ninguém sabe até onde irá a contaminação das pessoas em todo o mundo. Os governantes dos países afectados afirmam que não existe motivo para o pânico – entretanto as pessoas vão morrendo. Os cientistas e os virólogos lutam contra o tempo e desenvolvem esforços para criarem uma vacina, única solução para erradicar a enfermidade. Até ao momento ninguém estará livre de vir a contrair a doença se não forem tomadas medidas estratégicas responsáveis, cautelosas e restritivas. Se há anos era completamente inimaginável as torres do World Trade Center desabarem, atingidas por aviões pejados de pessoas – a realidade ultrapassando a ficção -, quem imaginaria, no dealbar deste ano de 2020, que um vírus esteja a provocar tanto receio e medo a nível planetário? Na verdade, parece que estamos a ser actores de um filme com contornos catastróficos - não sabemos o epílogo - e que julgávamos só existir na tela dos cinemas. Lembremo-nos que dois grandes acontecimentos desportivos estão marcados para breve: os Jogos Olímpicos de Tóquio e o Europeu de futebol, a que se junta o Mundial de Fórmula 1 e Mundial de Motos (MotoGP), acontecimentos anuais que têm lugar nos circuitos e autódromos espalhados pelo mundo. O que acontecerá no mundo, nos próximos meses, com a Covid-19 à solta? O que nos reserva o futuro próximo?

António Cândido Miguéis, Vila Real

Ferro Rodrigues só faz propaganda do Chega

A marcação implacável, para não dizer impiedosa, que o presidente da AR, Ferro Rodrigues, faz ao deputado do Chega, André Ventura, só serve para fazer propaganda deste partido, projectando-o nas sondagens. É evidente que ninguém de bom senso concorda com a castração química dos pedófilos, como propõe o Chega, mas daí a não admitir a proposta a debate vai uma grande distância. Não me parece sensato nem razoável que a AR, ou melhor Ferro Rodrigues, se substitua ao Tribunal Constitucional, alegando a inconstitucionalidade da proposta do Chega. Muito mais gravosos, e quiçá inconstitucionais, me pareceram os cortes selvagens de Passos Coelho nos salários e pensões e não vi o Parlamento insurgir-se contra o seu debate em plenário, fosse qual fosse o seu presidente. O facto de não ser, na altura, Ferro, mas sim Assunção Esteves, não invalida o que eu digo. O que está em apreço é a AR como instituição e órgão de soberania. E não pode nem deve substituir-se a outros órgãos de soberania, no caso vertente os tribunais. Acresce que André Ventura - goste-se ou não dele, eu não! - foi eleito pelo povo e tem toda a legitimidade para apresentar as propostas que quiser. Se pretende castrar os pedófilos, Ferro está a castrar a democracia. Ventura e Joacine foram até agora, por incrível que pareça, os deputados mais mediáticos e badalados, o que só evidencia a mediocridade, por vezes confrangedora, das bancadas dos grandes partidos. Não seria este um motivo mais plausível para Ferro se preocupar?

Simões Ilharco, Lisboa