António Salvador critica regulamentos e pede debate alargado em Portugal
Presidente do Sp. Braga deixou claro que não queria que Rúben Amorim saísse e que ficou surpreendido com as movimentações do Sporting.
O dia da apresentação de Custódio como novo treinador do Sp. Braga foi o momento escolhido pelo presidente do clube, António Salvador, para lançar críticas directas aos regulamentos e indirectas ao Sporting no processo da contratação de Rúben Amorim, apelando a um debate profundo e alargado sobre os regulamentos que actualmente vigoram em Portugal.
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O dia da apresentação de Custódio como novo treinador do Sp. Braga foi o momento escolhido pelo presidente do clube, António Salvador, para lançar críticas directas aos regulamentos e indirectas ao Sporting no processo da contratação de Rúben Amorim, apelando a um debate profundo e alargado sobre os regulamentos que actualmente vigoram em Portugal.
A declaração do dirigente, no Estádio Municipal de Braga, começou e terminou com elogios ao novo técnico, uma antiga referência do clube enquanto jogador e já um membro do staff da formação desde 2017. Pelo meio, porém, Salvador tomou posição sobre a repentina mudança gerada pela saída de Rúben Amorim.
“Este é um timing inesperado. As ocorrências dos últimos dias devem motivar uma reflexão, desportiva e ética. O Sp. Braga foi surpreendido pelo movimento de um clube concorrente, que à luz dos regulamentos e dos contratos conseguiu assegurar o nosso treinador”, declarou Salvador.
“Percebo quem argumenta que situações destas podem desvirtuar as competições e compreendo quem lembra o exemplo da Liga espanhola, onde tal não seria possível. Defendo um debate alargado no futebol português”, acrescentou, deixando claro que, “num momento como este, o Sp. Braga nunca poderia negociar”.
De resto, António Salvador revelou que Frederico Varandas, presidente do Sporting, lhe pediu recentemente uma reunião cujo tema o deixou surpreendido. “Quando me disse que iria tentar um acordo para contratar o Rúben Amorim, pôs dois jogadores em cima da mesa, mas o Sp. Braga não queria negociar e eu disse-lhe que não havia conversa sequer. E a reunião terminou. Passou uma semana, continuou a haver notícias e eu chamei o Rúben Amorim e disse que não queria que saísse e que não ia negociar com o Sporting. Informei-o até que queríamos renovar e estávamos disponíveis para rever as condições salariais”.
Ficou, nessa altura, claro que só através do pagamento da cláusula de 10 milhões de euros, e se fosse essa a vontade de Rúben Amorim, o treinador deixaria o projecto minhoto, o que veio a confirmar-se.
Recordando que os bracarenses têm sabido apostar nos treinadores que passam pela formação, de Abel Ferreira a Rúben Amorim, António Salvador dirigiu-se depois a um treinador “com uma riquíssima bagagem de futebol”. “Será certamente julgado pelos resultados, como todos nós, mas não pode nunca ser julgado pelas suas aptidões e competências. Ainda não completou a formação, porque tem sido constantemente impedido de se inscrever”, denunciou.
A referência às dificuldades na formação dos treinadores, na obtenção do grau necessário para o exercício da função como técnico principal, tem sido uma das questões do momento no futebol nacional. E o presidente do Sp. Braga aproveitou o momento para reclamar mudanças: “Peço os responsáveis para levarem a mão à consciência e reflectirem sobre o que andam a fazer ao futebol, porque barrar os melhores e os mais competentes é hipotecar o futuro do futebol português”.
Sobre Custódio, uma ou duas frases que resumem a opção da direcção do Sp. Braga. “É da família, é um dos nossos. O Custódio foi um grande jogador e capitão desta casa e que aqui regressou há três anos para assumir funções técnicas, é alguém que tem um conhecimento profundo da filosofia que nos acompanha”. E vai agora lutar por manter o Sporting à distância no campeonato.