PJ terá recolhido indícios de corrupção contra o Benfica

Notícia da TVI avança que alguns dos jantares oferecidos pelos “encarnados” a árbitros, observadores e delegados de jogo terão ascendido a 600 euros. Director de comunicação do clube relembra veredicto das entidades desportivas.

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Jantares terão chegado, em alguns casos, aos 600 euros Vítor Cid

A Polícia Judiciária recolheu indícios de corrupção contra o Benfica naquele que ficou conhecido como o “caso dos vouchers”. A notícia foi avançada pela TVI este domingo.

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A Polícia Judiciária recolheu indícios de corrupção contra o Benfica naquele que ficou conhecido como o “caso dos vouchers”. A notícia foi avançada pela TVI este domingo.

A estação de televisão avança que foi feito um levantamento da facturação do Museu da Cerveja, espaço comercial onde as equipas de arbitragem, delegados e observadores tinham jantares oferecidos pelo Benfica, e que os registos mostravam jantares que ascendiam aos 600 euros, valor superior aos 35 euros por pessoa declarado pelas “águias”.

O caso foi tornado público pelo ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho. Durante o programa Prolongamento, na TVI24, o então dirigente “leonino” avançou que recebeu de fonte anónima uma denúncia com alegadas ofertas do Benfica feitas a equipas de arbitragem, observadores e delegados no final dos jogos no Estádio da Luz. Numa caixa de homenagem a Eusébio — que continha a camisola do “Pantera Negra” —, estava também um voucher que oferecia uma visita ao museu Cosme Damião e jantares no Museu da Cerveja.

“É entregue pelo Benfica, quer na Luz quer no Seixal, aos quatro árbitros, dois delegados e ao observador esta prenda, que dá 28 jantares por jogo, jantar esse que pode custar entre 500 e 600 euros — pode ser acompanhado de água ou champanhe e é à la carte. Estamos a falar de 40 jantares por época, só em jantares dá 140 mil euros. Isto sem falar nas camisolas e nas caixas. Tudo somado deve andar à volta de um quarto de milhão (250 mil euros)”, denunciou Bruno de Carvalho.

No âmbito desportivo, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a Liga e a UEFA consideraram que estas ofertas estavam dentro do limite legal para presentes de cortesia, arquivando os processos disciplinares em 2016. A TVI revela agora que, no âmbito da Justiça, as investigações prosseguiram, com o Ministério Público a analisar a época desportiva 2013-14, a primeira na sequência de quatro títulos consecutivos conquistados pelas “águias”. Após as revelações feitas por Bruno de Carvalho, as “águias” deixaram de oferecer o “kit Eusébio”, como ficou conhecido, após os jogos. 

Informações recolhidas pelo PÚBLICO junto do Ministério Público permitiram apurar que este processo está ser investigado em conjunto com o “caso dos emails”, que investiga uma alegada rede de influência “encarnada” junto das entidades desportivas, e o caso Mala Ciao, no qual está em causa a compra de passes de jogadores como contrapartida para estes perderem determinados jogos. Estas três investigações foram agregadas num único megaprocesso onde decorrem as investigações sob segredo de justiça.

Luís Bernardo: “Quem quer corromper faz as coisas às escondidas”

O Benfica reagiu ainda na noite de domingo à reportagem exibida na TVI. Luís Bernardo, director de comunicação das “águias”, entrou em directo na CMTV para esclarecer alguns factos relacionados com a entrega dos vouchers na Luz.

“Os kits foram oferecidos a todos os árbitros e delegados, em todos os jogos, independentemente dos resultados e à frente de toda a gente. Na presença dos delegados e inclusive de um agente da autoridade. Isto foi valorizado pelo Conselho de Disciplina e pela própria UEFA, porque quem quer corromper faz as coisas às escondidas e de forma selectiva. A questão que se coloca é como se corrompe alguém depois de um jogo que se perdeu ou em que já se sabe que o delegado vai relatar factos que prejudicam o clube. Não teria qualquer lógica”, afirmou Luís Bernardo.

Questionado sobre os valores dos jantares — que chegariam aos 600 euros —, Luís Bernardo garantiu não possuir elementos que pudessem confirmar esses números. Admitiu, porém, ter existido um caso de um observador que terá “abusado um pouco” e que chegaria, posteriormente, a trabalhar no rival Sporting: “Isto para dizer que, se existir alguma dúvida, haverá oportunidade de apresentar justificações.”

Luís Bernardo garantiu que o Benfica ainda não foi notificado pelo Ministério Público quanto a estas revelações.