Volkswagen propõe aumento de 35% nos dividendos

Remuneração dos accionistas cresce num ano em que os custos do “dieselgate” descem 26,6%, para 2336 milhões. Desde o início, a factura chega aos 30 mil milhões.

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LUSA/UWE MEINHOLD

Quatro anos depois do escândalo “dieselgate”, o grupo Volkswagen continua a pagar a factura por ter enganado autoridades e consumidores. Em 2019, pagou 2300 milhões de euros, menos 28% do que os 3200 milhões pagos em 2018. As contas de 2019, divulgadas no dia 28 de Fevereiro, mostram que o construtor alemão passou pelos pingos da crise que levou o mercado mundial a encolher. A administração propõe, por isso, um aumento de 35% na remuneração aos accionistas.

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Quatro anos depois do escândalo “dieselgate”, o grupo Volkswagen continua a pagar a factura por ter enganado autoridades e consumidores. Em 2019, pagou 2300 milhões de euros, menos 28% do que os 3200 milhões pagos em 2018. As contas de 2019, divulgadas no dia 28 de Fevereiro, mostram que o construtor alemão passou pelos pingos da crise que levou o mercado mundial a encolher. A administração propõe, por isso, um aumento de 35% na remuneração aos accionistas.

Tal crescimento nos dividendos fica bem acima da variação no resultado operacional (lucros antes de impostos e juros), que cresceu 22%. Para tal, contribuíram um aumento de 7,1% na facturação, menos custos (designadamente com o “dieselgate") e melhor desempenho nos stocks. O grupo vendeu 10.975.000 carros, mais 1,3% do que no ano precedente. Ganhou quota de mercado em praticamente todo o mundo, com especial destaque na Europa e na América do Sul.

O segmento dos SUV (Sport Utility Vehicle), no qual se insere o T-Roc, foi um dos impulsionadores do crescimento das vendas. A fábrica da Autoeuropa, em Palmela, tem o exclusivo mundial da produção deste modelo.

O sucesso comercial do T-Roc contribuiu para o recorde de produção da unidade portuguesa da VW, que bateu o anterior máximo quando faltavam ainda mês e meio para o fim de 2019.

Igualmente relevante foi a descida nos encargos com o “dieselgate”, que a empresa inclui na demonstração dos resultados sob a alínea “itens especiais”. Na semana passada, a VW fechou mais um acordo de indemnização, que lhe vai custar até 800 milhões de euros na Alemanha. Ao todo, desde que foi desmacarado na falsificação dos resultados de emissões de gases nos carros com motor diesel, o fabricante já assumiu mais de 30 mil milhões de euros em multas, indemnizações, acordos extrajudiciais e despesas judiciais.

A proposta de distribuição de dividendos é a de pagar 6,50 euros por acção ordinária, mais 1,70 euros do que os 4,80 euros pagos no exercício anterior.

No que diz respeito a produtos, também há novidades, diz a imprensa alemã que, nesta segunda-feira, afirma que a VW vai abandonar o motor a gás natural. Estes existiam em modelos das marcas VW, Skoda e Seat, mas o actual CEO da empresa, Herbert Diess, assumiu que esta opção nunca vingou de forma rentável no mercado e, por isso, é para matar.

O grupo alemão apostará todas as fichas na electrificação, o que implica o abandono de outras opções, como células de combustível (que funcionam com hidrogénio e oxigénio). Diz o jornal Handelsblatt que essa opção ficou clara na intervenção de Diess perante a equipa de gestão do grupo, em Berlim, em Janeiro.