É bem provável que A Visão das Plantas venha a ser o livro de Djaimilia Pereira de Almeida em que os críticos assinalarão uma mudança de rumo: em vez da experiência ou da memória familiar, agora é a própria literatura que fornece a matéria prima da ficção. A ideia será criticável, mas compreensível. Em contraste com as reminiscências autobiográficas de Esse Cabelo (2015) e o apertado traçado geográfico e cronológico de Luanda, Lisboa, Paraíso (2018), o novo romance saca uma história e uma personagem memoráveis directamente do livro Os Pescadores, de Raul Brandão. Uma história do século XIX, da qual o autor de Húmus (nascido em 1867) não fornecera mais que o esboço arrancado à memória que lhe ficara da infância na Foz do Douro.
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É bem provável que A Visão das Plantas venha a ser o livro de Djaimilia Pereira de Almeida em que os críticos assinalarão uma mudança de rumo: em vez da experiência ou da memória familiar, agora é a própria literatura que fornece a matéria prima da ficção. A ideia será criticável, mas compreensível. Em contraste com as reminiscências autobiográficas de Esse Cabelo (2015) e o apertado traçado geográfico e cronológico de Luanda, Lisboa, Paraíso (2018), o novo romance saca uma história e uma personagem memoráveis directamente do livro Os Pescadores, de Raul Brandão. Uma história do século XIX, da qual o autor de Húmus (nascido em 1867) não fornecera mais que o esboço arrancado à memória que lhe ficara da infância na Foz do Douro.