Federação dos médicos exige “medidas sérias” para proteger profissionais de saúde

FNAM teve conhecimento de insuficiências em unidades de saúde, nomeadamente em termos de equipamentos de protecção e de salas de isolamento.

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PAULO PIMENTA

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) exigiu no sábado “medidas sérias” para proteger profissionais de saúde e utentes face à epidemia de coronavírus que teve origem na China e já matou três mil pessoas em todo o mundo.

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A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) exigiu no sábado “medidas sérias” para proteger profissionais de saúde e utentes face à epidemia de coronavírus que teve origem na China e já matou três mil pessoas em todo o mundo.

A FNAM acrescenta, em comunicado, que este tem sido um assunto de “grande preocupação” que tem acompanhado de perto e denuncia algumas carências no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo a FNAM, a linha de apoio médico “tem um longo tempo de espera para atendimento” e “as unidades de saúde que têm um Plano de Contingência adaptado a este novo agente infeccioso são a excepção”.

A FNAM critica também a “ausência de enquadramento legal adequado para as situações de absentismo laboral dos contactos próximos dos casos confirmados”.

“Este é o tipo de problema para o qual a FNAM dispensa o aproveitamento político e alarme social”, sublinha a federação, reconhecendo a competência técnica da Direcção-Geral de Saúde (DGS) e a sua função de Autoridade de Saúde Nacional.

Em conferência de imprensa, esta semana, a directora-geral da saúde, Graça Freitas, já tinha anunciado que o grande aumento nas chamadas obrigou a reforçar os meios para dar resposta à procura. “Na Linha de Apoio Médico houve pico de afluência, que muitas vezes coincidia com chegada de aviões. Houve uma resposta que não foi a óptima, mas reforçamos a linha prevendo que possam haver novos focos [da doença] na Europa.”

O primeiro reforço foi feito na quarta-feira e outro estava a ser preparado para permitir que os médicos sejam atendidos tempo útil. Também o SNS 24 já foi reforçado com mais recursos humanos, garantia a responsável pela DGS na sexta-feira.

Protecção e isolamento

A FNAM afirma ter conhecimento de “situações preocupantes”, como “várias unidades de saúde com insuficiência de equipamentos de protecção”, quer para utentes, quer para profissionais, bem como falta de salas de isolamento onde os doentes possam ser acomodados e observados com segurança.

Há neste momento 12 hospitais de referência preparados para receber doentes de Covid-19. Numa primeira fase, já estavam preparados para internamento de casos suspeitos o Hospital de Santo António, no Porto, e o Hospital Pediátrico de Coimbra, explicou Graça Freitas em conferência de imprensa na sexta-feira.

No Norte, além do Hospital de Santo António, estão agora também aptos para receber doentes o Hospital de Braga, a Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos e o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa. Na zona Centro, a ULS da Guarda junta-se ao Pediátrico de Coimbra.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, a resposta está reforçada com a disponibilidade do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente) e do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Ocidental (Hospital de Egas Moniz e Hospital de São Francisco Xavier). No Alentejo, a ULS Litoral Alentejano está apta a internar doentes de Covid-19 e no Algarve a resposta também está assegurada através do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

Graça Freitas tinha referido que o SNS tem disponíveis mais de 2000 camas de isolamento, sendo que destes cerca de 300 têm pressão negativa. Os restantes, explicou na sexta-feira, são camas sem pressão negativa.

Lidar com procura

“É de primordial importância reconhecer que o cumprimento dos pressupostos estabelecidos nas Orientações Técnicas da DGS tem que ser aplicado por recursos técnicos e humanos em número adequado”, afirma, sublinhando, contudo, que, “como é do conhecimento geral, os serviços de saúde funcionam no limiar da sua capacidade”.

Para os médicos, que trabalham diariamente num Serviço Nacional de Saúde “com graves carências, coloca-se a dúvida sobre a capacidade instalada para lidar com um eventual aumento extraordinário da procura de cuidados e que envolve particulares condições de segurança”, adverte a federação.

Face à exposição que os médicos têm na linha da frente no combate à epidemia, a FNAM “exige que sejam tomadas todas as medidas de segurança necessárias para proteger a saúde dos médicos, dos restantes profissionais de saúde e das suas famílias”.

A FNAM coloca os seus recursos à disposição dos doentes e profissionais de saúde.