DGS trabalha com cenário de 21 mil infectados pelo coronavírus na semana mais crítica: “É como a gripe”
A directora-geral da Saúde esclareceu, ao PÚBLICO, que quando falou de um cenário de um milhão de possíveis infectados, o pior com que estão a trabalhar, estava a referir-se a todo o período da epidemia, que pode prolongar-se por vários meses ou um ano. Autoridades precisam de traçar cenários para se prepararem.
É “inevitável” que o novo coronavírus chegue a Portugal e no cenário mais plausível prevêem-se “cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros”. Destes, 1700 poderão ser casos graves “que terão de ser internados, nem todos em cuidados intensivos” e “nessa fase haverá camas em todos os hospitais". “Não é muito, é como a gripe”, esclarece Graça Freitas numa entrevista ao semanário Expresso.
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É “inevitável” que o novo coronavírus chegue a Portugal e no cenário mais plausível prevêem-se “cerca de 21 mil casos na semana mais crítica, dos quais 19 mil ligeiros”. Destes, 1700 poderão ser casos graves “que terão de ser internados, nem todos em cuidados intensivos” e “nessa fase haverá camas em todos os hospitais". “Não é muito, é como a gripe”, esclarece Graça Freitas numa entrevista ao semanário Expresso.
A directora-geral da Saúde explica que neste momento as autoridades da saúde estão a trabalhar com um cenário idêntico ao que existiu em 2009 quando surgiu a gripe A. “Estamos a trabalhar com cenários para a taxa de ataque da doença, como fizemos para a pandemia de gripe, em 2009. Na altura, pensávamos que podia ter uma taxa total de ataque de 10%: um milhão de pessoas doentes ao longo de 12 semanas, mas não todas graves. Mas, afinal, foram 7%, cerca de 700 mil pessoas no total da época gripal de 2009/10.”
Uma epidemia depende da taxa de ataque, da duração e da gravidade, explica a especialista, salientado que no “caso do Covid-19, ainda não sabemos tudo” para fazer cenários tão bem feitos:"Assim, estamos a fazer cenários para uma taxa total de ataque de 10% [um milhão de portugueses] e assumindo que vai haver uma propagação epidémica mais intensa durante, pelo menos, 12 a 14 semanas. Temos estudos que nos dizem que 80% vão ter doença ligeira a moderada e só 20% terão doença mais grave e 5% evolução crítica. A taxa de mortalidade será à volta de 2,3% a 2,4%.”
Precisando aquilo que quis dizer, Graça Freitas explicou ao PÚBLICO que a taxa total de ataque estimada a que fez referência na entrevista ao Expresso se refere a todo o período da epidemia, que pode prolongar-se por vários meses, ou mesmo um ano, como aconteceu com a gripe A. “Isto não acontecerá no imediato. Não serão apenas semanas, mas sim vários meses, será uma taxa de ataque diluída ao longo do tempo”, sublinhou.
No caso da gripe A, em 2009, fizeram-se igualmente vários cenários, que previam mesmo taxas de letalidade muito elevadas, que não se chegaram a verificar, não tendo as mortes directamente atribuídas à pandemia chegado, sequer, às duas centenas. “Foi uma pandemia ligeira, apesar de ter afectado pessoas jovens”, recordou.
Quanto às estimativas avançadas, frisou que são cenários que as autoridades de saúde têm de fazer para prever quais serão as necessidades dos serviços. “Isto faz parte de uma metodologia de planeamento”. De resto, acentuou, ainda não se sabe como o novo coronavírus se vai comportar, ignora-se como se vai propagar, e estes cenários e números serão ajustados à medida que o tempo avança.
A directora-geral da Saúde vai prestar mais esclarecimentos numa conferência de imprensa marcada para este sábado de manhã.