Associação de Cancro Cutâneo pede coragem política para fechar solários
O presidente da associação lembrou que, no ano passado, novos dados voltaram a mostrar as consequências dos solários e que “a pele memoriza as agressões”.
A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) pediu esta sexta-feira coragem política para encerrar os solários, lembrando que oito minutos de exposição nestes equipamentos equivalem a duas horas, na pior altura do dia, com raios ultravioleta elevados.
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A Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) pediu esta sexta-feira coragem política para encerrar os solários, lembrando que oito minutos de exposição nestes equipamentos equivalem a duas horas, na pior altura do dia, com raios ultravioleta elevados.
Em declarações à agência Lusa na véspera do encontro que promove no sábado, em Lisboa, e que contará com a presença de especialistas nacionais e estrangeiros, autoridades de saúde, desportistas e outras personalidades que colaboram com a associação, o presidente da APCC lembrou que, no ano passado, novos dados voltaram a mostrar as consequências dos solários e que “a pele memoriza as agressões”.
“Todos os anos aparecem novos artigos e novas evidências. Percebo que Portugal queira estar em consonância com restantes países europeus e sabemos que no nosso país há uma menor adesão aos solários, mas a nossa sensibilidade é que essa adesão pode estar a aumentar”, afirmou.
Osvaldo Correia sublinha que “a pele memoriza as agressões” e exemplifica os efeitos dos solários, recordando que oito minutos de exposição têm uma agressão equivalente a duas horas de exposição à hora do almoço, em dia de raios ultravioleta elevados.
“O problema é que os solários emitem raios ultravioleta A, que origina pigmento, mas não leva à vermelhidão e, por isso, dá uma falsa sensação de segurança”, explicou Osvaldo Correia, pedindo às autoridades que se juntem para fazer um retrato dos solários no país. “É preciso informação, fiscalização e coragem”, acrescentou.
Ao longo de 18 anos consecutivos, estas acções de formação da APCC já envolveram mais de 13 mil profissionais, contribuindo para a literacia relativamente a este tema.
Para esta reunião, que decorrerá na Universidade Católica, em Lisboa, a APCC prevê a presença do bastonário da Ordem dos Médicos, da directora-geral da Saúde, do secretário de Estado da Saúde, diversos especialistas da área da saúde, como Francisco George e o ex-ministro Correia de Campos, além de dermatologistas espanhóis e outras personalidades que têm colaborado com a associação.
Durante todo o dia serão debatidos temas como as vantagens e desvantagens do sol, o tipo de lesões que se deve valorizar, a importância dos protectores solares e o risco dos protectores muito fluidos e transparentes, a importância do vestuário (tecido e design) e a relevância da temperatura e dos raios ultravioleta.
“É preciso lembrar as que pode estar um índice ultravioleta de 8 ou 9 (numa escala de 0 a 11) com 20 graus e, noutro local, estar o mesmo índice com 30 graus de temperatura. É preciso não julgar que, pelo facto de a temperatura não estar elevada, não há risco de queimadura”, lembrou o presidente da APCC.
Segundo dados da APCC, estima-se o aparecimento de 13 mil novos casos de cancro de pele este ano em Portugal, dos quais mais de mil serão novos casos de melanoma.
Desde há 18 anos que Portugal participa no Dia do Euromelanoma, uma iniciativa que actualmente engloba 34 países e que este ano, em Portugal, decorrerá a 20 de Maio.