Mais de 11 mil pessoas pedem ao Parlamento que trave “Museu Salazar”: “Era abrir uma Caixa de Pandora”
A União de Resistentes Antifascistas Portugueses recolheu mais de 11 mil assinaturas. O documento é entregue esta sexta-feira, às 15h, na Assembleia da República.
Mais de 11.500 pessoas juntaram-se numa petição contra a criação do “Centro de Interpretação de História e Memória Política da Primeira República e do Estado Novo”. O documento contra aquilo a que os signatários chamam “Museu Salazar” vai ser entregue esta sexta-feira, no Parlamento, pelas 15h. A expectativa é que “a Assembleia da República tenha forças para evitar a criação do espaço”, conta ao PÚBLICO a coordenadora da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), Marília Vilaverde Cabral. O grupo responsável pela recolha de assinaturas considera que a construção do centro interpretativo em Santa Comba Dão, local de nascimento do ditador português António de Oliveira Salazar, “tornará o espaço num local de romagem a um ditador fascista”. “É abrir uma Caixa de Pandora”, argumenta.
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Mais de 11.500 pessoas juntaram-se numa petição contra a criação do “Centro de Interpretação de História e Memória Política da Primeira República e do Estado Novo”. O documento contra aquilo a que os signatários chamam “Museu Salazar” vai ser entregue esta sexta-feira, no Parlamento, pelas 15h. A expectativa é que “a Assembleia da República tenha forças para evitar a criação do espaço”, conta ao PÚBLICO a coordenadora da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), Marília Vilaverde Cabral. O grupo responsável pela recolha de assinaturas considera que a construção do centro interpretativo em Santa Comba Dão, local de nascimento do ditador português António de Oliveira Salazar, “tornará o espaço num local de romagem a um ditador fascista”. “É abrir uma Caixa de Pandora”, argumenta.
Para a União de Resistentes Antifascistas Portugueses, a atenção gerada pelo projecto cria um “terreno muito perigoso” que pode ser “empolado por agentes” interessados em explorar o fascismo. “Tudo isto está ligado às crescentes demonstrações populistas e racistas”, diz.
Ao PÚBLICO, Marília Vilaverde Cabral recorda que já em 2007, aquando um encontro da URAP, um grupo de 30 pessoas deslocou-se até ao local e recebeu o grupo antifascista com saudações nazis.
“Na Áustria, no sítio onde nasceu Hitler, o ministro da Administração Interna, justamente para evitar romagens ao local, instalou nessa morada uma esquadra da polícia”, elogia Marília Vilaverde Cabral. “É uma solução curiosa e um bom exemplo de como o Governo austríaco evitou peregrinações ao local”, sublinha.
Para a União de Resistentes Antifascistas Portugueses, o projecto para o Centro Interpretativo do Estado Novo não reúne as condições para um tratamento “sério e profundo” da História. “Achamos que ali naquele sítio [local de nascimento de António de Oliveira Salazar] fazer-se uma coisa daquelas não é para explicar a História. A História está na Torre do Tombo, está noutros museus”, aponta Marília Vilaverde Cabral.
As cerca de 11.500 assinaturas ficam aquém do abaixo-assinado feito em 2007 pela mesma organização. Para isso, Marília Vilaverde Cabral dá uma explicação: “Devido à existência de várias petições nos últimos meses, houve muitas pessoas que achavam que já tinham assinado a nossa, o que dificultou a recolha de assinaturas”.
O documento que será entregue esta sexta-feira apela aos deputados que travem a construção do museu. “Apesar de as últimas eleições terem trazido algumas alterações para a Assembleia da República, estamos com expectativa de que o Parlamento trave o projecto”, afirma a coordenadora da União de Resistentes Antifascistas Portugueses.
A organização recorda que no passado se evitou que o Forte de Peniche, antiga prisão política durante o Estado Novo, fosse reconvertido numa pousada de luxo.