Esta oficina quer pôr Coimbra a conversar sobre as pichagens da Alta

Iniciativa do colectivo Há Baixa leva dupla de artistas argentinos para fazer mapeamento do centro histórico da cidade.

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LUSA/PAULO NOVAIS

Andar pela Alta de Coimbra significa tropeçar em escritos nas paredes, seja em edifícios privados ou públicos. Daí que o colectivo Há Baixa, que começou por ser formado por estudantes do Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra (UC), tenha sentido necessidade de iniciar uma conversa sobre as pichagens. Cidade, Livro em Branco é o nome da oficina que vai decorrer entre 3 e 6 de Março, na Sala B do Teatro Académico Gil Vicente, uma iniciativa de participação gratuita mas de inscrição obrigatória, inserida na 22.ª Semana Cultural da UC. 

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Andar pela Alta de Coimbra significa tropeçar em escritos nas paredes, seja em edifícios privados ou públicos. Daí que o colectivo Há Baixa, que começou por ser formado por estudantes do Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra (UC), tenha sentido necessidade de iniciar uma conversa sobre as pichagens. Cidade, Livro em Branco é o nome da oficina que vai decorrer entre 3 e 6 de Março, na Sala B do Teatro Académico Gil Vicente, uma iniciativa de participação gratuita mas de inscrição obrigatória, inserida na 22.ª Semana Cultural da UC. 

“Vai ter uma parte de discussão e uma parte de campo, de ir para a rua fotografar, registar, falar com pessoas, recolher depoimentos visuais, orais, para depois voltar para a sala e trabalhar nesses elementos iconográficos”, explica Catarina Pires, da organização, ao PÚBLICO.

De Buenos Aires para Coimbra, para orientar a oficina, viajam dois artistas argentinos: a investigadora Julia Risler e o artista gráfico Pablo Ares, os Iconoclasistas, que trabalham com mapeamento colectivo como forma de encontrar soluções. “Eles desenvolveram uma metodologia de discussão colectiva a partir de cartografias de cidades, de mapeamentos”, refere Catarina Pires. O objectivo é que, a partir desse mapeamento, seja possível abordar “um assunto que está sempre debaixo dos nossos olhos, que tem muitos pontos de vista diferentes, até conflituantes”.

No caso de Coimbra, a questão ganha outros contornos, uma vez que grande parte do centro histórico é classificado como património da humanidade pela UNESCO. E as pichagens concentram-se mais na Alta, que tem “uma malha mais apertada”. “E tem também a ver com a vivência dessa área da cidade, onde se concentram mais as repúblicas, mais gente nova”, menciona Catarina Pires. 

A responsável fala também da necessidade de envolver quem faz as pichagens e diz mesmo que alguns já estão inscritos na oficina. Na lista, há também alunos de arquitectura, antropologia, conservação e restauro, exemplifica, numa oficina onde também participam professores, artistas e um elemento da Direcção Regional de Cultura do Centro. 

Em 2018, a Agência Lusa noticiava que as pichagens afectavam tantos edifícios da universidade como do Museu Nacional Machado de Castro, acrescentando que a PSP tinha identificado cinco indivíduos por suspeitas de pichagens nos últimos cinco anos. A Câmara Municipal de Coimbra admitia instalar um sistema de videovigilância para combater o fenómeno. Mas Catarina Pires recorda uma intervenção conjunta da UC e Machado Castro, para levar a cabo uma limpeza de paredes: “No dia a seguir estavam pichadas, num acto puro de provocação e de afrontamento. Perante isto, se não conseguirmos criar um espaço de diálogo, isto nunca vai passar daqui”. 

Durante a oficina serão produzidos painéis, que irão depois estar em exposição na rede de MUPI do município de Coimbra, de forma a partilhar a reflexão feita pelo grupo de trabalho.